quinta-feira, julho 31, 2008

* A Academia da Polícia Civil (Acadepol) prorrogou até o dia 15 de agosto o prazo para as inscrições para o Segundo Concurso Literário "Outras Histórias da Polícia Civil". O objetivo da promoção é resgatar a história não oficial da Polícia Civil gaúcha, com textos de veracidade comprovada. O concurso é aberto a policiais civis, servidores e público em geral. Os textos devem ter no máximo duas páginas datilografadas ou digitadas em fonte 12, com três vias. O material deve ser colocado em um envelope com pseudônimo, recoberto de outro, com nome e endereço do concorrente. Informações pelo Tel.: 3288-9300 (Assessoria)

Os 20 anos do "Verão da Lata" e do Solana Star




Ao alto, as latas apreendidas. Ao meio, o navio Solana Star, leiloado depois. Abaixo, dois moradores do JB que encontraram o produto.


No dia 22 de setembro de 1987 um navio chamado Solana Star estava sendo perseguido pela Marinha Brasileira, apoiada por agentes do Drug Enforcement Agency ((DEA), órgão anti-drogas norte-americano. Acuados no litoral do Rio de Janeiro - Angra dos Reis - eles largaram toda a sua carga ao mar, a uma distância de 100 milhas marítimas do litoral e, em seguida, se dirigiram sorrateiramente ao porto do Rio, onde abandonaram o navio. A bordo ficou apenas o cozinheiro da embarcação, o norte-americano Stephen Shelkon - imediatamente detido e, depois, condenado a 20 anos de cadeia, cumpridos no presídio Ari Franco, do RJ.
O episódio do Solana Star virou lenda: navio procedente da Austrália (outros dizem que da Indonésia), com destino aos Estados Unidos, carregado com cerca de 20 mil latas de maconha (22 toneladas), (1,25 kg cada lata), das quais apenas 10% foram apreendidas - o restante foi jogado ao mar e acabou chegando às praias brasileiras, no trecho entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul.
As latas continuaram chegando à costa até o mês de março, fazendo daquele verão (1988) o "verão da lata". Acondicionados em latas de alumínio, fechadas a vácuo, com canabis sativa de altíssima qualidade, foram - dizem muitos - o "último suspiro hippie do Rio de Janeiro" ("A maconha vinha do mar, como dádiva de Deus", comentou um consumidor). O carregamento teria sido feito no porto de Cingapura - o Solana Star tinha bandeira panamenha.
O "verão da lata" jamais foi esquecido pelos apreciadores do produto, dentre os quais se incluem muitos gaúchos e catarinenses. Levada pelas correntes oceânicas, a maconha chegou com fartura ao litoral do Rio Grande do Sul e ensejou viagens alucinadas à sua procura. Muitos a revenderam e, ilegalmente, ganharam dinheiro com isso. A maioria, porém, apenas fumou uma erva de elevado teor de THC. O Verão da Lata acabou virando filme - com o diretor João Falcão - e livro ("O Verão da Lata", de Oscar Cesarotto, editora Iluminuras, 2005). Muitos comentam que "fora do País, ninguém acredita que isso aconteceu". Mas aconteceu. Veja o depoimento de alguns que viveram esse episódio e assumem que o fizeram.
Atenção: fumar maconha é crime e causa danos à saúde.


"Eu encontrei em Cidreira, naquele tempo ia pros butecos todo dia. Encontrei uma lata, o restante do pessoal pegou o resto. Aí veio a Polícia Civil. Mas não tinha como segurar todo mundo. A maconha vinha vedada, totalmente vedada, se abria com abridor de lata. Da nossa turma só pegamos uma, mas a notícia se espalhou. Quem tinha automóvel em Porto Alegre saiu adoidado percorrendo a orla e se deu bem. A lata era amarelada. Foi a melhor maconha que até hoje entrou no Brasil".
Hélio, "Mão", 46 anos, morador do Jardim Botânico.


"Encontrei surfando, em Magistério. Vi a lata boiando, peguei e fui ver o que era. Fechamos dois e fumamos. Foi de dia. De noite é que soubemos da notícia. Era uma paulada. Coisa boa"
Alex, 40 anos, morador do Jardim Botânico


"Me falaram que tinha um bagulho forte na praia, em Pinhal. Fui de moto ver e encontrei. Trouxe umas cinco latas de lá. Era só camarão. Peguei um quase nada e ele molhou. Foi o melhor bagulho que eu fumei em 50 anos, dizem que era indiano, era melhor que manga-rosa e cabeça-de-negro. A cor do bagulho era amarela, tinha que abrir com abridor de lata. Dava um cheirão, era prensada a vácuo."
G.B., morador do Jardim Botânico


"Fumei a da lata. Daquele, nunca mais vai aparecer. Eram umas latas parecidas com azeite, amarelas. O efeito era melhor do que cocaína. Não existia coisa melhor. Era um tempo de curtição. Tinha gente que saía de carro daqui, para ir ao litoral, buscar".
C.P., morador do Jardim Botânico.

FEPPS é um centro de excelência em saúde

Localizada na avenida Ipiranga, no Jardim Botânico, a Fundação realiza pesquisas na área de saúde pública.

Difícil imaginar que aqui trabalhem 420 funcionários, em dois turnos de trabalho, produzindo medicamentos para toda a rede pública de saúde do Estado – analgésicos, anti-hipertensivos, diuréticos e até morfina.

Medicamentos estes direcionados ao Sistema Único de Saúde, SUS, das prefeituras municipais e da Secretaria Estadual da Saúde, comercializados sempre a preços mais baratos do que os cobrados pelos laboratórios comerciais.

Localizado na avenida Ipiranga, entre o Bourbon e a Terceira Perimetral, o complexo da Fundação Estadual de Pesquisa e Produção em Saúde, FEPPS, é um campus não só de fabricação e de pesquisa nessa área como também presta serviços ao cidadão comum que, por exemplo, precisa realizar exames para detectar doenças como a tuberculose, o mal de Chagas, dengue ou HIV, entre outras, todos mediante prévia requisição das autoridades médicas. Também está apto a fazer exames de paternidade.
Instalado no Botânico há muitos anos, com prédios constantemente ampliados e reformados, o campus do FEPPS abriga o Laboratório Farmacêutico e o Laboratório Central do Estado, bem como o Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da área da saúde. Apenas três outros setores da Fundação – o Hemocentro, o Sanatório Partenon e o Informação Tecnológica – é que não se localizam aqui. A FEPPS conta com cerca de 600 funcionários.
TUBERCULOSE – O grupo de pesquisadores e cientistas que trabalha na avenida Ipiranga compreende cerca de 35 profissionais com formação superior (a maioria com doutorado). Eles são o que há de melhor nessa área, tendo desenvolvido, por exemplo, um kit para diagnóstico da tuberculose considerado inovador e completo até por colegas de grandes centros como Rio e São Paulo.
“Na área de biologia molecular somos líderes nacionais, e felizmente não temos problemas de defasagem tecnológica. Também estamos completamente informatizados”, informa Alberto Nicolella, pesquisador e médico veterinário que trabalha há 12 anos na Fundação.Os medicamentos produzidos pelo Lafergs – Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul - saem daqui com a marca Lafergs estampada no invólucro e são distribuídos, potencialmente, para todos os municípios gaúchos através da Divisão de Assistência Farmacêutica
* A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior aprovou a implantação do curso de Doutorado em Ciências Criminais do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Faculdade de Direito da PUCRS. As atividades iniciam em 2009, e são destinadas a mestres em Ciências Criminais e demais áreas do Direito. Inscrições de outubro a novembro, no campus da avenida Ipiranga. Informações pelo Tel.; 3320-3537.
* Faculdade de Informática da PUCRS promove o Segundo Simpósio Brasileiro de Componentes, Arquiteturas e Reutilização de Software. O evento reunirá pesquisadores, estudantes e profissionais com uma ampla gama de interesses em engenharia de software. Haverá sessões técnicas, sessões de indústria, palestras internacionais, mini-cursos e sessões de demonstração de ferramentas. De 20 a 22 de agosto, no auditório térreo da FACIN, no prédio 32 do campus da avenida Ipiranga. Inscrições pelo site www.inf.pucrs.br/sbcars2008, até 19 de agosto.

quarta-feira, julho 30, 2008

Parque Ararigbóia surgiu na década de 40

Hervè: geólogo da Petrobrás que se apaixonou por um campo.

Na divisa entre o Jardim Botânico e Petrópolis, o Parque Ararigbóia, se falasse, teria muitas histórias a contar. Na antiga "Várzea de Petrópolis", em um terreno que já foi alagadiço, ocupa um quarteirão inteiro, entre as ruas Felizardo Furtado, Saicã, Lavradio e Mariz e Barros. Tradicional ponto de lazer dos dois bairros, já foi conhecido como o "campo do Sul Brasil", um clube de futebol que marcou época nas redondezas.
Somente em 1953 é que foi batizado como "Ararigbóia", em homenagem ao cacique índio que ajudou os portugueses a expulsar os invasores franceses do Rio de Janeiro, no século XVI. Conhecer a história do Ararigbóia é um passeio por muitas décadas. Atualmente um centro de esporte, lazer e saúde, o local foi fundado por um empreiteiro chamado Arino Bernardino de Souza, em fevereiro de 1942 - hoje ele é o nome do Ginásio, inaugurado em 30 de setembro de 1995.
Quem sabe tudo, ou muito, da história do Parque Ararigbóia, é o presidente da Associação Comunitária do Parque Ararigbóia, Hervè Paschoto Saciloto, de 72 anos, um geólogo aposentado, durante muitos anos funcionário da Petrobrás (trabalhou mais de 30 anos na Bahia) e que, quando mudou-se para a rua Mariz e Barros, em 1991, ao olhar o local, quase abandonado, mal-cuidado, decidiu: "Vou cuidar disso aqui".
O Ararigbóia, então, já tinha muitos anos de história, mas estava sendo muito mal aproveitado e não integrava a comunidade à sua volta. Havia um barracão de tijolos, mal ajambrado, e uma cancha de bocha na rua Saicã. O pessoal do futebol tinha o seu presidente, e o da bocha, outro. Hervè - que nem sabia jogar bocha - entrou para a segunda turma e ficou como presidente deles, e, em 1992, fez um movimento para integrar os dois grupos. Conseguiu, e elegeu-se presidente da Associação Comunitária, fundada em 1980.
Ficou nessa condição até 1995, quando foi sucedido por Pedro Paulo Machado, o "Pedrinho" - uma das referências maiores quando se fala no Parque. Nesse tempo eles iniciaram uma luta para reformar o barracão que ali havia, "até que vimos que isso não valia a pena". Surgiu então o projeto de um novo ginásio de esportes, que foi aprovado e construído pelo Orçamento Participativo da Prefeitura de Porto Alegre, do qual seu Hervè era conselheiro.
"Aí tivemos que criar uma cultura para que a comunidade cuidasse da sua conservação, sendo que a Prefeitura entraria com professores e a parte pedagógica para as atividades que nós queríamos", conta ele.
TERCEIRA IDADE - O Parque Ararigbóia, com seus mais de 700 frequentadores fixos e inúmeras atividades para todas as faixas etárias, de toda a cidade, não é mantido com verbas da Prefeitura - ao contrário do que muita gente pensa. O poder público apenas auxilia na manutenção e algumas melhorias, mas o dinheiro que sustenta a entidade vem da comunidade e das rendas obtidas pelo Parque.
"A maior parte vem da mensalidade paga pelos associados da Associação Comunitária, que são cerca de 700 e contribuem, a cada semestre, com 20 reais cada. É gente de toda a cidade, a maioria daqui dos nossos bairros, e pagam certinho", relata Hervè. "Tudo o que tem dentro do ginásio foi comprado com dinheiro da comunidade. E, com isso, conseguimos fazer muitas coisas. Agora vamos pintar o ginásio e botar ar condicionado no salão de ginástica, no segundo pavimento".
O Parque Ararigbóia conseguiu arregimentar a comunidade à sua volta, não só pelas várias atividades ali desenvolvidas - futebol, bocha, basquete, vôlei, ginástica, alongamento, musculação - como também em palestras realizadas em colégios. É o chamado "Grupo de Educação para o Envelhecimento", uma iniciativa de Hervè que consiste na ida aos colégios dos bairros vizinhos para troca de experiências com crianças e adolescentes. A idéia surgiu no ano 2000 e segue em pleno curso.
Uma vez por semana um grupo da Terceira Idade vai às salas de aula, conversar com alunos sobre temas tão diferentes como a sexualidade, a saúde, a carreira profissional, o bem estar, os bons hábitos, a importância do exercício físico, da boa alimentação, do carinho - sem nenhum moralismo. "Já nos encontramos com mais de 2500 crianças, e agora estamos nos encontrando com adolescentes", informa Hervè. "Falamos de nossas vidas, do que era no passado, do que era um fogão a lenha, de coisas que eles nem conhecem. E a aceitação nos surpreendeu".
Uma vez por mês o grupo, integrado por cerca de 16 idosos, reúne-se para fazer uma avaliação do trabalho.
ARQUIBANCADA - Arino Bernardino da Silva dá nome ao ginásio. O empreiteiro, construtor de ruas e calçadas, foi quem deu "formato" ao atual parque, em 1942 - antes o local era um espaço público, um charco que ele aterrou e deu vida.
"Ele fez o campo de futebol, uma arquibancada de madeira e criou o time do Sul Brasil, que fazia campeonatos de futebol entre os bairros", conta seu Hervè. Em 1953, (quando passou a se chamar Ararigbóia) a Prefeitura de Porto Alegre juntou-se com a Federação de Bocha "para usurpar o direito da comunidade de ocupar esse espaço". Segundo o presidente da Associação, eles se apropriaram do campo: "As pessoas, para jogar no campo, tinham que ir na Prefeitura às 4 horas da manhã para tentar marcar um horário".
Acontecia ali o Campeonato Estadual de Bocha. Em 1963 foi criada a associação dos Veteranos do Futebol, que lutou para ter um dia seu no calendário do campo - e conseguiram. No início dos anos 70 a cancha de bocha foi extinta, restando o barracão - havia disputas de vôlei, então. Nesse tempo foi criado um grupo infantil de dança e outro de ginástica. Em 1980, finalmente, foi criada a Associação Comunitária do Parque Ararigbóia, usada mais pelo pessoal do futebol.
Do outro lado, na rua Saicã, havia a cancha de bocha - cada qual com um presidente. Em 1992 é que aconteceu a unificação dos dois grupos e a eleição de Hervè para a presidência.
RECESSO - O Parque Ararigbóia, como acontece todos os anos, estará de recesso do dia 26 próximo a 4 de agosto, reabrindo normalmente dia 5. A Secretaria, no entanto - com agendamento de campo - permanecerá aberta. Dia 5, aliás, é o dia de inscrição para os cursos e atividades, o que deve feito a partir das 8 horas da manhã: a inscrição é feita por ordem de espera - quem chega antes fica com a vaga.

* Informações: Tel.: 3338-3304

A enchente de 1941 paralisou o Rio Grande


O Mercado Publicou foi totalmente inundado, bem como toda a área central da cidade e inúmeros bairros. Loureiro da Silva (foto de 1961) era o prefeito de Porto Alegre. Em maio de 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, todo o estado do Rio Grande do Sul foi castigado por uma enchente sem precedentes, proporcionalmente maior das que atingiram Santa Catarina nas últimas semanas, embora com menor número de vítimas fatais.
Foi, de longe, a maior calamidade natural que castigou o altivo Estado gaúcho, então com menos de 3 milhões de habitantes. As chuvas iniciaram em abril e se estenderam por mais de três semanas, deixando 25 mil quilômetros quadrados do Estado submersos e um contigente de 80 mil flagelados somente na Capital. O flagelo, no entanto - e ao contrário do que se pensa - atingiu todo o Estado. Grande parte das lavouras e mesmo do rebanho bovino se perdeu sob as águas. A Indústria Renner - então a maior da Capital - deu férias para seus mais de dois mil empregados, e podia-se andar de barco no interior de suas instalações na Zona Norte. Os casos de doenças (leptospirose, especialmente) foram reduzidos, graças a uma bem orquestrada campanha de saúde e de vacinação. A ameaça de uma epidemia de tifo e de febre tifóide não se concretizou.
Dezenas de cidades ficaram isoladas, faltaram alimentos, energia e água potável e praticamente todos os meios de transporte terrestre pararam. Todos os Estados da federação - incluindo o distante e humilde Piauí - mandaram donativos e auxílio para a população gaúcha. Os Estados Unidos, a Alemanha (o Brasil ainda estava neutro na Guerra), a Itália e até o Japão fizeram o mesmo, enviando recursos em dinheiro.
O auge da cheia, a "quinta-feira negra", aconteceu a 8 de maio, quando o nível do Guaíba passou dos 4,70 metros no cais do porto de Porto Alegre. Os jornais - Correio do Povo, Diário de Notícias, Folha da Tarde e mais uma meia dúzia de publicações menores - tiveram suas oficinas inundadas e deixaram de circular. Andava-se de barco pelo centro da cidade e a avenida Farrapos transformou-se em uma pista aquática.
Bancos, repartições públicas, comércio, indústria, serviços - quase tudo (pelo menos na parte inundada) deixou de funcionar e milhares de pessoas de uma cidade que contava menos de 300 mil habitantes permaneceu ilhada em suas casas ou acolhida em abrigos públicos. Depois da enchente veio um frio polar, de enregelar pinguim, seguido de fortíssimos ventos em determinadas regiões do Estado.
A enchente de 1941 vive até hoje na memória popular, embora não tenha sido expressiva em número de mortes, pouco mais de duas dezenas. O Governo do Estado, comandado pelo Interventor Osvaldo Cordeio de Farias, e o municipal, dirigido por José Loureiro da Silva (ambos, coincidentemente, de 39 anos de idade) mostrou grande capacidade de organização e, graças a uma série de providências corretas, evitou o pior. A população gaúcha, de igual forma, demonstrou estoicismo, sendo poucos os casos de saques e vandalismo. Ao contrário do que acontece em Santa Catarina, os governantes prenderam dezenas de comerciantes que, aproveitando-se da desgraça, majoraram os preços dos seus produtos ou tentaram escondê-los da população. A ajuda do governo de Getúlio Vargas, de igual forma, foi total e a tempo, com perdão de créditos e liberação imediata de recursos para ajuda aos atingidos.

terça-feira, julho 29, 2008

CTG 35 é o marco fundamental do gauchismo




35 CTG: lugar onde se come um bom churrasco, diariamente. Mas também há chope... Clovis, acima:"Nada contra os Tchê, eles até saíram daqui".



Pai dos Centros de Tradições Gaúchas, berço do movimento tradicionalista, o 35 CTG está no Jardim Botânico desde 1975, em um terreno próprio ao lado do Bourbon Shopping, na avenida Ipiranga.
Ponto de referência no bairro, com sua churrascaria, seus eventos culturais, sua domingueira, o 35 atrai não só a gauchada costumeira - dos quais a maioria são crianças e jovens - como também turistas dos mais diferentes locais - turistas, visitantes e curiosos que desejam conhecer um pouco da vivência, da história e dos costumes e hábitos gauchescos.
"Somos uma sociedade cultural e recreativa, aberta a todos, com regras próprias", informa Luiz Clóvis Fernandes, durante seis anos patrão da entidade e que hoje é uma espécie de faz-tudo do local. Com cerca de 5 mil sócios, o 35 mantem departamento cultural, artísticos e a culinária típica campeira, do qual a churrascaria Roda de Carreta (que existe há 25 anos) é uma espécie de mostruário, muito embora sirva também buffet normal diariamente. Funcionando diariamente, a Roda de Carreta, com seu espeto corrido (é um dos poucos locais do JB que tem chopp), só não abre aos domingos à noite.
ATIVIDADES - O 35 CTG não pára nunca, com suas atividades diárias, e aluguel de espaço (são 2.100 metros quadrados de área construída) a terceiros, além de venda de souvenires gaúchos - camisetas, bottons, etc. Isso garante a renda que permite a manutenção da entidade, algo que nem sempre é fácil, como diz Clóvis.
Além das atividades internas, há ainda as campeiras, como cavalgadas e rodeios. Com a proximidade da Semana Farroupilha, em setembro, o 35 se torna ainda mais frequentado. "Temos cerca de 300 pessoas que participam das mais diferentes atividades, como grupos de dança, e a participação dos jovens é expressiva", afirma Clóvis, para quem "o tradicionalismo é estável, se mantem".
O Movimento Tradicionalista Gaúcho foi fundado, oficialmente, em 1948, pelo chamado "grupo dos oito", uma iniciativa que buscava resgatar e valorizar a cultura gaúcha no pós-guerra, quando a influência norte-americana se propagava pelo mundo. O 35 foi fundado em 24 de abril de 1948 - completou 60 anos recentemente. Do "Grupo dos oito", restam dois vivos - dos quais um é o ícone Paixão Cortes, um dos mais destacados folcloristas brasileiros.
TCHÊ MUSIC - Quando se fala em tradições gaúchas, se fala no 35. Não fa muito, a atriz e apresentadora Regina Casé esteve aqui, gravando um programa televisivo que foi para o ar em rede nacional, pela Globo.
Guardiã dos hábitos e costumes culturais do Rio Grande do Sul, a entidade, entretanto, não parou no tempo e convive harmonicamente com algumas novidades, como o chamado "Tchê Music", um movimento musical híbrido que mesclou ritmos gauchos com outras influências.
O Tchê Music faz muito sucesso comercial nos Estados do Sul e Centro-Oeste, e gerou algumas irritadas manifestações dos tradicionalistas. Mas Clóvis diz que o 35 não tem nada contra esta novidade, que eles não aceitam como música gaúcha, mas dizem respeitar. Embora sejam vetados de participar nas dependências do CTG.
"É algo válido, até porque eles precisam sobreviver, ganham um bom dinheiro com isso, fazem sucesso comercial, abriram uma nova frente. Não temos nada contra, e vou lhe dizer que a maioria deles nasceu aqui dentro. E, quando tocavam músicas gaúchas, eram excelentes."
Conservador por natureza, o CTG - ao contrário do que muitos pensam - não exige pilcha (o traje gaucho típico) para quem vai frequentá-lo. "À exceção dos fandangos, quando a pilcha é obrigatório, a pessoa pode se apresentar com traje esportivo discreto", esclarece o tradicionalista.
"O tênis também é permitido, até porque é da vestimenta dos jovens", diz Clóvis Fernandes, um empresário natural de Santana do Livramento, sócio do 35 há 44 anos e que reside no bairro Partenon.

SERVIÇO
35 Centro de Tradições Gaúchas - av. Ipiranga, 5300, Jardim Botânico, Porto Alegre.
Tel.: (510 3336.0035 e 3336.0795
Endereço eletrônico:
www.35ctg.com.br

Dia chuvoso, dia cinzento: final do mês de julho


Dia chuvoso, dia frio, dia cinzento, dia em que nenhuma roupa seca. Assim foi a manhã e a tarde de hoje em toda a Porto Alegre, neste final do mês de julho. Na avenida Ipiranga o arroio subiu e as pistas ficaram encharcadas. Nas calçadas, nos dois lados, passantes de guarda-chuva tinham carros de faróis ligados ao seu lado - como pode se ver nesta foto. E o pior é que, segundo os meteorologistas, esse tempo deve persistir até o final de semana.

Professora Liramar agradece reportagem

A professora Liramar Garcia, diretora da Escola Estadual Professor Otávio de Souza, enviou uma simpática correspondência ao Conselheiro X., agradecendo matéria publicada. Conte conosco, professora.

NOSSAS PALAVRAS
“Se alguém lhe disser que você nunca fez nada de importante, não ligue, porque o mais importante já foi feito, você”

Quero dedicar a uma amiga especial que me ensinou a ligar o computador e a trabalhar com esta máquina poderosa. Também quero dedicar este artigo a todos os meus amigos e colegas desta escola que ao longo destes anos convivi e que por aqui já passaram, deixando uma valiosa herança do saber neste Colégio que todos conhecem por Otávio de Souza, cujo histórico foi brilhantemente aqui abordado e a todos os meus colegas de trabalho que comigo atuam formando uma grande equipe. Amo minha profissão, tenho amor em tudo que faço e dedico a maior parte do meu dia para minhas atividades profissionais, não esquecendo o meu lado mãe, o trilhar pela dignidade com a construção.
Ao tomar posse em 02/01/2002, era consciente dos encargos e deveres que teria pela frente, torcia por inspiração e força para poder desempenhá-lo e cumpri-lo de modo a honrar a confiança depositada pelos meus colegas e comunidade (Pais e alunos). Poderia, também, falar sobre o sonho que acalentamos, durante as nossas vidas, o sonho de um novo perfil administrativo. Há cerca de seis anos, discutíamos sobre o que chamávamos de inversão na educação, hoje, olhando o passado recente já podemos visualizar grandes mudanças, como o salto de qualidade. No entanto, creio que devo agradecer, pois este é um momento de agradecimento. Seria impossível deixar de registrar o quanto me orgulho, de poder saber que esta matéria que aborda o histórico do Colégio Estadual Professor Otávio de Souza, com zelo, eficiência e dedicação, com sentimento de carinho, compreensão e reconhecimento, registrando a realidade do trabalho diária de nossos grandes colegas, como:
Na defesa do meio ambiente
Das fichas de alunos infreqüentes – FICAI.
Na preocupação de incluir nosso aluno, aquele desprovido de recursos, no mundo digital.
No desenvolvimento de projetos como, “A pintura do muro com obras de Mário Quintana”.
Atualmente, o desenvolvimento do projeto pelos “Cem Anos de Machado de Assis”, onde os alunos pintarão os muros internos da escola com obras do poeta, fora isso, ouso dizer que o próprio nos deu a honra de visitar nossos alunos, em salas de aulas, pelo pátio, na sala dos professores e outros setores da escola (com caracterização e interpretação de nossa ex-aluna, colega, funcionária e formanda do curso de pedagogia, Tatiana Emilena).
O projeto de reciclagem do lixo, desenvolvido desde a pré-escola até o Ensino Médio.
A criação da Biblimóvel , que leva a leitura para dentro da sala de aula.
A hora do conto, desenvolvido pelas colegas que atuam na biblioteca da escola.
Das parcerias, para atendimento aos alunos com dificuldades de aprendizagem, com o Instituto Bion, C.T- Centro Terapêutico, Exército da Salvação.
A participação e oportunidade dos nossos alunos de aprenderem uma profissão, através do “PROJETO PESCAR”.
Do espaço que procuramos criar para que os professores possam se reunir para realizarem seus planejamentos do ano, com constante revisão e mudança conforme realidade da turma em que atua.
Recentemente, ocorreu em nossa escola dois dias de “Jornadas Pedagógicas”, onde os professores tiveram espaço para assistir um filme, intitulado “Escritores da Liberdade” e após discutir o nosso verdadeiro papel hoje na educação... No segundo dia de Jornada, os professores tiveram palestras com as professoras Luciane Pereira da Silva, que abordou o tema “DIVERSIDADE ÉTNICA” e a professora Lídia Prokopiuka, com o tema “PROFISSÃO PROFESSOR-MOTIVAÇÃO”.
Ainda necessitamos anunciar que nossa escola foi escolhida dentre mais ou menos 185 escolas do Rio Grande do Sul, para apresentar um projeto que pudessémos ter aprovação pelo Ministério da Educação, que desenvolve hoje em todo o Brasil o PDE- Projeto de Desenvolvimento Escolar e com muito orgulho após incansável dedicação de um grupo denominado de grupo de sistematização que com a direção da escola viram sua proposta aprovada e com isso nossa escola receberá recursos pedagógicos e financeiro para colocar em prática o mesmo através de um “LABORATÓRIO DE APRENDIZAGEM”, onde os alunos em horários inversos ao seu turno de estudo formal, terá a sua disposição professores que o auxiliarão nas dúvidas em conteúdos não atingidos nas disciplinas de matemática, português e ciências do ensino fundamental em primeiro plano. Bem, preciso ressaltar que a professora Denise Cardoso, colocou em prática este projeto em meados de abril e conseguiu ótimos resultados na disciplina de ciências. Na última reunião pedagógica do semestre pode-se constatar esses resultados através da amostragem de gráficos, apresentados pelo Departamento de Supervisão Pedagógica, maravilhosooooooo...
Afora tudo isso,a comunidade já é sabedora que nosso aluno tem a sua disposição um laboratório de informática, que ao ser agendado com antecedência, o aluno terá acesso on-line para complementar seu conhecimento.
A estes e a tantos mais projetos, idéias que surgirem estaremos sempre atentos e não dispensaremos as oportunidades, portanto o doutor Otávio de Souza, estava certo e quando em maio de 1942,criou nosso colégio, já sabia que um dia chegaríamos até aqui. Mas não podemos parar, outros nos sucederão e com eles novas idéias, novos projetos... pois nossos alunos não podem perder, é preciso dar sempre mais, porque sabemos que a grandeza de um País é medida pela cultura de seu povo.
Tenho que agradecer pela postura, pelos princípios, pela correção e pela responsabilidade e o reconhecimento de nosso trabalho por muitos da comunidade. De igual maneira, pelo Circulo de pais e Mestres (CPM), de todos seus membros o apoio que tivemos, conhecendo, vivendo intensamente as questões mais desesperadoras como a falta de verbas... Não poderia deixar de expressar a minha gratidão à forma respeitosa, construtiva e independente com que efetivamos nossas relações. Este reconhecimento, faço nas pessoas que sempre ali estão trabalhando e tentando achar a melhor forma , o melhor caminho que possa beneficiar o nosso aluno. Aproximar a escola da comunidade, tem sido nosso grande desafio, mas não perdemos a esperança e como bom gaúcho, temos como lema “Não tá morto quem peleia”. Com a música “EPITÁFIO”, dos Titãs, que além do dever de amar mais e também de chorar mais, é preciso ver o sol nascer, e, assim,aceitar as pessoas como elas são,pois cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração.Já com a poesia de Jorge Luiz Borges, se pode perceber que não se deve tentar ser tão perfeito, e sim relaxar mais,pois a vida é feita só de momentos. No esforço de dirigir esta escola, durma pouco, sonhe mais, pois a cada minuto em que se fecha os olhos perde-se segundos de luz. Esta é a lição de Gabriel Garcia Marques, que corretamente nos diz que se deve dar valor às coisas e aos momentos, não pelo que valem mas sim pelo que significam.
Portanto:
CONSELHEIRO X- O JORNAL ELETRÔNICO – do bairro Jardim Botânico, queremos deixar registrado...”SE EM HORA DE ENCONTROS PODE HAVERTANTOS DESENCONTROS,QUE A HORA DA DESPEDIDA SEJA,TÃO SOMENTE, DE UM VERDADEIRO, PROFUNDO E COLETIVO ENCONTRO.”
Conte com todos nós...obrigada!!!!!!!!!!!!!!
Professora Lira Garcia –(Diretora do Colégio Estadual Professor Otávio de Souza)

segunda-feira, julho 28, 2008

Duas imagens do bairro




À medida que cresce e progride, o Jardim Botânico não atrai somente grandes empreendimentos imobiliários - como se vê na foto do grande edifício recentemente concluído na La Plata, quase esquina com Veríssimo Rosa. Atrai também moradores de rua, cada vez em maior número. Na esquina da rua Felizardo com a Barão do Amazonas, hoje, no início da tarde, um deles dormia junto a um prédio, aproveitando o dia chuvoso e frio.

Bourbon mudou o perfil do Jardim Botânico

Nesta área, no passado, havia vários campos de futebol, com torneios muito disputados.

Ele foi, e é, o mais importante estabelecimento comercial do Botânico, o empreendimento que modificou as características do bairro e valorizou toda a região à sua volta.
Visto da Ipiranga, torna-se ainda mais grandioso – e quem não se lembra dos vários anos da sua construção, em um terreno que faz parte da história do JB, com dois campinhos de futebol varzeano? Pois ali (avenida Ipiranga, 5200), em 16 de novembro de 1998, implantou-se o Borbon Ipiranga, empreendimento do grupo Zaffari, empresa que fatura mais de 1,5 bilhão de reais por ano, emprega cerca de 8 mil pessoas e é a quarta maior receita do setor no Brasil e a única entre as quatro grandes redes de supermercados com capital cem por cento nacional.Fazer compras ou simplesmente passear no shopping Ipiranga é um programa quase obrigatório para todos os moradores do Jardim Botânico e dos seus arredores. Pudera: de porte médio, acolhedor, com 70 mil metros quadrados de área construída, 52 pontos comerciais, vários quiosques de serviços, uma praça de alimentação com 700 lugares, o local conta ainda com um hipermercado aberto das 8 horas da manhã até à meia-noite e que também funciona aos domingos.Ali é possível se assistir aos mais recentes lançamentos cinematográficos, para todas as idades, em algum dos oito cinemas da marca Cinemark, inclusive em horários matinais, a preços reduzidos. Nerão se encontra um bom chope, uma comida portuguesa (restaurante Calamares), café e música ao vivo, além de concertos comunitários e cantores e instrumentistas de qualidade que tocam na praça de alimentação, não só música popular brasileira, como pop, rock, baladas, bossa nova.No interior do Ipiranga estão vários caixas eletrônicos, uma agência da Caixa Econômica Federal, uma casa de jogos e uma banca de revistas extremamente sortida, com centenas de títulos em todas as áreas. Há, ainda, mais de uma dezena de telefones públicos, banheiros em perfeito estado de limpeza e fraldários. Externamento, no subsolo, o estacionamento abriga centenas de veículos.

GIGANTE – O grupo Zaffari é totalmente gaúcho, o único entre os quatro grandes com capital totalmente nacional e gestão familiar (apesar de muito assediado por grupos estrangeiros). Os hipermercados Zaffari são voltados para um público classe A e B, que buscam variedades de produtos, atendimento especial e conforto na hora das compras.
Costuma-se dizer que o Zaffari não briga por preços pois disputa um segmento mais abastado. No ano de 2004 a rede faturou 1,3 bilhão de reais, com receita por metro quadrado de 11,2 mil reais – maior que o líder mundial norte-americano Wal-Mart.

A empresa, no entanto, não costuma revelar os valores dos seus investimentos. Além de ter comprado o estádio do tradicional clube de futebol Força e Luz, no vizinho bairro de Santa Cecília (negócio de 9,5 milhões de reais), investiu pesadamente em São Paulo, no bairro de Perdizes, área nobre da cidade.

Lá, recentemente, abriu um Bourbon voltado para a classe AA, com 175 mil metros quadrados (quase três vezes maior do que o Ipiranga) de área construída, cerca de 200 lojas e 10 cinemas. A idéia é competir com o grupo Pão de Açúcar e suas lojas especiais – o investimento total não foi revelado.
No Rio Grande do Sul, o Zaffari compete com o grupo Sonae (marcas Nacional, Big e Maxxi), que agora pertence a Wal-Mart. Nada mau para uma empresa que iniciou em 1935, quando o fundador Francisco José Zaffari e sua esposa Santini de Carli montaram uma pequena loja de comércio na Vila Sete de Setembro, no interior de Erechim. Anos mais tarde a empresa expandiu-se para Herval Grande.
Nos anos cinquenta os negócios iam tão bem que a família inaugurou as primeiras filiais nas localidades vizinhas e, em 1960, chegou a Porto Alegre, abrindo um atacado. O Zaffari atua, desde os anos 80, na industrialização e comercialização de alimentos e é dono, hoje, das marcas Café Haiti e biscoitos Plic-Plac.

* Zaffari Bourbon Ipiranga – Tel.: 3315.5111


Na inauguração, Arthur Moreira Lima



A inauguração do Bourbon foi uma solenidade e tanto: naquele dia 16 de novembro de 1998 mais de 2 mil pessoas se acotovelaram na esquina da Ipiranga com Guilherme Alves para assistir aos festejos e aos discursos.


Primeiramente, o consagrado pianista carioca Arthur Moreira Lima executou o hino nacional brasileiro. A orquestra e o coral da PUC também se apresentaram para o público e para uma comitiva de autoridades que incluía o prefeito em exercício de Porto Alegre, José Fortunatti. A matriarca da família Zaffari, dona Santina, viúva do fundador Francisco José, fez o corte da fita inaugural, tendo ao seu lado o diretor-superientende da Cia Zaffari, Marcelo Zaffari. Disse Marcelo: “Este shopping é uma flor com pétalas de concreto e vidro que se abre no bairro Jardim Botânico para tornar Porto Alegre ainda mais bela e agradável”.


PRÉDIO INTELIGENTE – Concebido pelos mais modernos padrões arquitetônicos, tendo em vista a satisfação e o bem estar dos clientes e visitantes, o Bourbon ocupou 1350 empregados diretos na sua construção. O terreno tem 39 mil metros quadrados (dos quais o hipermercado ocupa 10,8). Um sistema de última geração controla toda a infra-estrutura do prédio: climatização, segurança das portas, rede hidráulica e até a refrigeração automática dos alimentos. A energia elétrica é garantida por três subestações que atendem de forma independente os cinemas, o shopping e o hipermercado.
O Borbon faz parte dos chamados “prédio inteligentes”, tanto que, em caso de queda da energia elétrica, ela é automativamente ativada por um sistema automático que garante energia contínua por mais 24 horas, bem como a regulagem da temperatura do ar condicionado central. A obra, que revolucionou a vida do Jardim Botânico, trouxe inúmeros benefícios para a comunidade. A ponte sobre o Dilúvio, na Guilherme, por exemplo, foi construída naquela ocasião, em uma parceria entre a empresa e a Prefeitura. Também foram asfaltadas as ruas em volta do complexo, foi aberta a 18 de Setembro para o tráfego e se investiu em iluminação pública e em obras do esgoto cloacal na Guilherme Alves, na 18 de Setembro e na avenida Ipiranga. Por outro lado, a associação dos moradores (da época) acompanhou de perto todo o processo de instalação. Em reunião com representantes da Cia Zaffari, a AMAJB (conforme a então secretária Laura Ferreira) cadastrou cerca de 500 moradores do bairro e imediações que desejassem trabalhar ali, sujeitos posteriormente ao processo de triagem e seleção.

Seu Pedro, colorado que chegou ao JB em 59


Seu Pedro Ceratti chegou ao bairro em 1959, ano em que a então Vila São Luís passou a se chamar Jardim Botânico ( como parte do novo Plano Diretor Municipal). Aos 68 anos, natural de Júlio de Castilhos, "de família humilde", tinha então menos de 20 anos.

Seu Pedro conheceu um outro JB, "cheio de plantações de agrião", com ruas de terra batida, muitas casas de madeira, chácaras, carroças. Ele fez compras no antigo Armazém do Caboclo, na Barão do Amazonas, na Dona Versa, na Valparaíso, viu times como o Universal e o Leal Santos jogarem, participou das festas no Americano e foi assistir filmes em preto-e-branco no antigo cinema Miramar, na Coronel Aparício Borges.

"Lembro que a avenida Ipiranga só vinha até a Salvador França, e que esta não subia até Petrópolis, ali era mato", recorda seu Pedro, que também tomou banhos e pescou no riacho Dilúvio e jogou bola onde hoje está no Bourbon Shopping - havia lá vários campos de futebol. "Era uma vida bem diferente", garante ele, que, mesmo com a violência dos dias atuais, continua a andar pelas ruas do JB à noite e a conversar com todo mundo.

Ardoroso torcedor do Internacional, fez questão de posar para a foto junto ao escudo do seu time.

Um casal que sai com um violão no braço


Ele é garçon, ela técnica de enfermagem. Nas horas vagas, porém, os dois podem ser vistos em bares, salões de festas ou casas particulares, cantando e tocando violão. Moradores do bairro Partenon, Manoel de Assis e Renata, eles estão longe de se profissionalizar, mas vão fazendo seus "tocos" por aí, interpretando samba-rock, principalmente.

"É ótimo o que fazemos, já toquei até em festival", diz Manoel, cujas admirações musicais incluem Seu Jorge, Raça Negra e Jorge Benjor.

"Saímos de violão, para curtir, e aí as coisas acontecem", diz o garçon, que às vezes até ganha um dinheirinho com isso e, garante, também tem músicas próprias, de sua autoria. O sonho dele é participar do quadro "Fama", da Angélica, na TV Globo. Manoel queixa-se que "o mercado é difícil" e que, nesse ramo, "primeiro é preciso ter padrinho". Se alguém quiser conferir o que eles fazem, ligue para 3012-0465 ou 9366-4180.

domingo, julho 27, 2008


Nescau existe até hoje - sucessivas gerações já consumiram este produto, em criança. Nesta gravura vemos uma antiga publicidade de Nescau, possivelmente dos anos 50..
Clique na imagem para ampliá-la.

* Totalmente desenvolvido no Brasil, Nescau é líder nacional no mercado de achocolatados instantâneos. Sua história começa em 1932, quando o produto - feito aqui - foi lançado, pela Nestlé, não somente no Brasil como na Itália, Espanha, Argentina e França.
Inicialmente, a Nestlé não investiu em sua publicidade, e colocou seu nome de "Nescáo", recomendando-o às mães preocupadas com a nutrição de seus filhos. "Nescáo, fortifica, alimenta e engorda", era então o slogan.
Embalado em uma lata de aço, teve seu nome mudado para o atual Nescau em 1954, já que a maioria das pessoas confundia o acento, lendo e pronunciando o nome como "Nescão".

Homenagem aos avós


A missa em homenagem ao Avós, pela passagem do seu dia (sábado), aconteceu às 18h30min de ontem, na igreja de São Luis Gonzaga, na rua Guilherme Alves. O padre Paulo Kunrath deu a bênção a todos.
A paróquia - que completará 40 anos de existência no próximo dia 15 de agosto - sedia diferentes atividades comunitárias, entre as quais as reuniões do grupo Neuróticos Anônimos, nas tardes de terça-feira.
* Centro de Pesquisa Clínica do Hospital São Lucas da PUCRS seleciona mulheres, com mais de 60 anos, e que tenha osteoporose, problemas nos rins, diabetes e pressão alta, para pesquisa com um novo medicamento. O tratamento dura um ano e tem acompanhamento médico periódico. Informações pelos Tels.: 3339-9022 e 9988-8822, a partir das 11 horas.
* Grupo Vigilantes do Peso faz a sua reunião semanal nesta terça-feira, às 18h30min, nas dependências do 35 CTG, na avenida Ipiranga, ao lado do Bourbon Shopping. Aberto aos interessados.
* Escolinha de Futebol do Círculo Militar recebe inscrições de alunos entre 7 e 16 anos, na sede da entidade, rua Dona Inocência, 321. A inauguração acontece no dia 5 de agosto. Informações pelos Tels.: 8427-6897 e 9303-7595.
* Associação Comunitária do Parque Ararigbóia está em recesso de suas atividades até o próximo dia 4 de agosto, reabrindo normalmente dia 5, terça-feira, a data tradicional de inscrições em seus cursos e atividades. Os interessados nas vagas para aulas de ginástica, voleibol, basquetebol, musculação, dança, alongamento (R$ 20,00 para o semestre), entre outras, serão admitidos pela ordem de chegada - com abertura as 8h30min. Durante o recesso a Secretaria da entidade funciona normalmente, o mesmo ocorrendo com o aluguel da cancha e o agendamento do campo. Informações pelo Tel.: 3338-3304.
* Curso de Especialização Gestão Estratégica de Pessoas continua com inscrições abertas até o dia 31. Informações pelo site www.pucrs.br/face/latosensu/pessoas ou 3320-3524
* Academia de Polícia Civil, em parceria com o Ministério da Justiça, realiza, nesta segunda-feira, o seu Curso de Polícia Comunitário. Voltado a policiais civis e militares, guardas municipais e líderes comunitários.
* Restaurante Calamares (Bourbon Shopping) está com a sua campanha Vou de Táxi, em função da nova lei de tolerância zero ao consumo de álcool por motoristas. Os clientes que comprovarem ter vindo de táxi e não de carro particular ganham 20% de desconto no consumo de bebidas alcoólicas, mediante a apresentação do recibo do táxi. A promoção é válida até 30 de setembro.
* Pessoas que tenham artrite reumatóide e usem o medicamento Metotrexato estão sendo selecionadas pelo Centro Clínico do Hospital São Lucas da PUC para uma pesquisa com um novo medicamento. Informações pelos Tels: 3339-9022 e 9988-8822, depois das 11 horas.
* Voluntários que desejam participar do estudo que visa avaliar modificações no estilo de vida e risco cardiovascular da Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia da PUCRS têm até o dia 31 para entrar em contato. É necessário ter entre 30 e 60 anos, e estar com o peso acima do ideal, pressão arterial elevada, ter glicose e colesterol e não praticar qualquer atividade física. Os selecionados terão acompanhamento nutricional e participarão de um programa de condicionamento física por três meses. Informações pelo Tel.: 3320-3938, das 8 às 11 horas.
* Exame de Proficiência de Língua Inglesa Toefl, na modalidade Internet-Based Test acontece no próximo dia 23 de agosto, na Faculdade de Letras da PUC (campus da avenida Ipiranga). O exame avalia a competência de candidatos a universidades e centros de estudos em países de língua inglesa. Os interessados podem inscrever-se e pagar a taxa correspondente pelo site http://www.ets.org/. Até 8 de agosto.
* Curso de Especialização em Direito e Cultura Indígena tem inscrições abertas até o próximo dia 25 de agosto, como parte do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da PUCRS. O objetivo é proporcional uma compreensão maior sobre a cultura e as formas de contato existentes entre as populações indígenas e outros povos. Os encontros serão às sextas-feiras à tarde e noite, e sábado pela manhã, com início previsto para o dia 5 de setembro. Informações pelo Tel.: 3320-3537 e www.pucrs.br/direito/pos/especializacaoculturaindigena
* Faculdade de Informática da PUCRS promove o Segundo Simpósio Brasileiro de Componentes, Arquiteturas e Reutilização de Software. O evento - que acontecerá entre 20 e 22 de agosto, no auditório da Faculdade - reunirá pesquisadores, estudantes e profissionais com uma ampla gama de interesses em engenharia de software. Haverá sessões técnicas e industriais, palestras internacionais, mini cursos e sessões de demonstração de ferramentas. Informações e inscrições pelo site www.inf.pucrs.br/sbcars2008
* Obra "Estrela da Vida Inteira", de Manuel Bandeira, será tema do próximo encontro do projeto Relendo a Literatura, neste dia 6 de agosto, no prédio 9 do campus da avenida Ipiranga. Inscrições gratuitas pelo e-mail: relendoaliteratura@pucrs.br. Destinado a estudantes e professores de literatura, o evento acontece mensalmente, com aulas dinâmicas e debates. Nos próximos, Fernando Pessoa, Eça de Queiróz e Milton Hatoum.

sábado, julho 26, 2008

Le Petit Bistrot atrai clientela de outros bairros


Único bistrô do Jardim Botânico, o Le Petit Bistrot (rua Serafim Terra, 66, próximo da ESEF) está no bairro desde o ano de 2001 - a data, inclusive, está afixada em sua fachada.

Localizado no térreo de um pequeno prédio residencial, funciona sempre a partir das 18h30min e vai até a meia-noite - nessa hora as portas são cerradas. Isso de segunda a sábado (o dia todo), quando é frequentado por uma clientela que gosta de jazz, blues, bossa nova e MPB - o som da casa.

"Muitos músicos gostam daqui", informa o proprietário Eduardo Majewski, um engenheiro mecânico que deixou de lado a profissão para abrir um pequeno bar que lhe desse prazer no que faz, além de lucro, é claro. Ao lado da esposa, Rosana, arquiteta e funcionária pública, ele administra um ambiente pequeno, discreto, aconchegante e intimista, com música baixa. As paredes são decoradas com reproduções de obras de pintores impressionistas franceses - Monet, Van Gogh - que trouxeram de uma viagem a Paris.

Eduardo pertencia à confraria de gourmets União Cook, do Grêmio Náutico União. De posse dessa habilidade, e querendo ter um negócio seu, fez um estudo de mercado e abriu o Le Petit Bistrot no dia 14 de novembro de 2001. Para atrair a clientela do bairro, passou a distribuir panfletos - que não deram o efeito desejado. "Aí comecei a trazer meus amigos de outros bairros, e hoje eles, e os amigos deles, são metade da minha clientela". Clientela cativa, que já se conhece entre si.

Com a modificação do perfil do Jardim Botânico - que está se sofisticando e ganhando mais moradores - surgem novos fregueses, e essa tendência sinaliza favoravelmente.

Morador do bairro desde 1996, quando veio da Santana, Eduardo foi descobrindo seu público aos poucos. "É um pessoal na faixa de 30 a 40 anos, não é gurizada. De início até tentei trazê-los, mas descobri que esse não é meu público", informa.

De início não houve lucro (até porque paga aluguel), o que só aconteceu "passados uns 10 meses, um ano." Sem empregados (já teve um e viu que não havia necessidade), ele controla perfeitamente o local, não cobra a taxa de 10% ("até porque não tem garçon) e oferece uma boa área em frente para estacionamento, além de segurança - há dois vigilantes naquele trecho da rua. A capacidade é para 30 pessoas, sentadas.
Se de início abria durante o dia e aos domingos, logo descobriu que o melhor mesmo é trabalhar sempre à noite, nas atuais características: serve bebidas destiladas (uísques, vodkas, martini, conhaques, steinhager etc), cerveja, absinto, vinhos, petiscos e acompanhamentos: baguettes, quiches, salsinhas, fritas, casquinha de siri e "lanchinhos para o happy hour". Todo o dia 29 tem nhoques, além de sopas. Não há restrições quanto ao cigarro - pode-se fumar à vontade e há marcas de cigarros à venda.

"Também faço muitos eventos, comemorações de pequenas empresas, aniversários, festas de família", afirma. Na calçada em frente há quatro mesas para quem prefere o ar livre.

O dia de maior movimento continua sendo a sexta-feira, e o inverno - a exceção deste agora - o melhor período. Ambiente intimista, seus preços não são populares e tampouco elevados - estão na média dos demais estabelecimentos do mesmo gênero.


Serviço:

Le Petit Bistrot

* Rua Serafim Terra, 66 (perto da Escola Superior de Educação Física)

Tel.: 9977-0217

Aberto de segunda a sábado, a partir das 18h30min, até a meia-noite.

* Nesta sexta-feira, 25, na Travessa João do Rio, 80, na vila Maria da Conceição, a guarnição do Pelotão de Operações Especiais do Décimo Nono BPM prendeu I.A.B., de 25 anos, que já tem antecedentes criminais. Ele estava com um revólver Taurus 38, com numeração raspada, e mais seis cartuchos. No dia anterior, quinta-feira, ele já havia sido preso no mesmo local, com sete buchas de cocaína, um celular e R$ 280,00 em dinheiro. Levado ao Departamento de Polícia Metropolitana, foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma e tráfico. (Assessoria)
* A Academia de Polícia Civil, em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública e Ministério da Justiça inicia nesta segunda-feira, 28, nova edição do Curso de Polícia Comunitária. Destinado a policiais civis, militares, guardas municipais e líderes comunitários, abordará temas como as relações interpessoais e formas de intervenção, direitos humanos, mediação de conflitos, polícia comunitária e sociedade, mobilização social e estruturação dos conselhos comunitários e gestão na segurança pública. (Assessoria)

sexta-feira, julho 25, 2008

Incêndio destruiu casa na Guilherme Alves


Um incêndio, ocorrido por volta da 1 hora da madrugada desta sexta-feira, destruiu uma casa na rua Guilherme Alves, trecho entre a Felizardo e a Itaboraí. De madeira, de propriedade do falecido sr. Braulino, a construção ( de madeira) estava abandonada há um certo tempo. A propagação das chamas foi rápida, mas a falta de vento impediu que estas atingissem o edifício localizado ao lado. Mesmo com a presença dos Bombeiros, a destruição foi completa - como pode ser ver na foto.
* Clique na foto para ampliá-la

Paróquia comemora 40 anos e nova igreja

Padre Paulo: "Uma igreja com cara de igreja".
Uma igreja moderna, espaçosa, sólida - e com cara de igreja. Esta idéia - surgida ainda em 2001 - deverá estar concretizada ainda no primeiro semestre do próximo ano, no máximo. Quem garante é o padre Paulo Aloísio Kunrath, pároco da paróquia de São Luíz Gonzaga, na rua Guilherme Alves - a igreja católica do Jardim Botânico.

A nova igreja - orçada em cerca de 800 mil reais - está sendo levantada com recursos da paróquia, dos paroquianos e alguma contribuição internacional, que o padre Paulo conseguiu em sua última viagem à Alemanha. "Não trabalhamos com dívidas, não fazemos empréstimos, nem os bancários", informa o pároco.

Moderninha, a construção - em fase final - terá uma ponta triangular apontada para o céu, e sua cor ainda não está definida. O padre Paulo bem que gostaria que ela fosse azul - a cor do seu time, o Grêmio, mas acha que o azul da edificação poderia se confundir com o azul do céu em dias mais claros. De qualquer forma, terá mais ou menos as mesmas dimensões da atual (talvez um pouco menor), que tem uma área construída de cerca de 700 metros quadrados, e poderá abrigar 400 pessoas em dias de missa. Destes, 280 poderão ficar na parte baixa e mais 120 no mezanino. Uma capelinha, uma sacristia e mais quatro salas com outras finalidades comporão o ambiente.

Quanto à igreja atual, será remodelada e será aproveitada, basicamente, para festas e eventos, tornando-se, por assim dizer, um grande salão paroquial. Com isso o padre espera conseguir mais casamentos para a paróquia de São Luís - hoje acontecem um ou dois ao ano, o que é muito pouco. É precico, porém, entender que a paróquia do Jardim Botânico sofre a concorrência de igrejas fortes e tradicionais das redondezas - a de São Jorge, no Partenon, fundada em 1952, a de São Sebastião, em Petrópolis, de 1933, a de Santa Cecília, de 1943, e mesmo a de Santo Antonio, datada de 1916.

1968 - A história da paróquia de São Luís remonta ao ano de 1968. Naquela data, mais precisamente no dia 15 de agosto, a pequena capela que havia no local se transformou em paróquia, sendo o seu primeiro pároco o padre Amadeo Scopel - que permaneceu 12 longos anos à frente da instituição. Nos anos 80, já com o padre Irineu Brandt, levantou-se os pisos, as paredes e os telhados da atual igreja. "De 1985 para cá não houve novidades", conta o padre Paulo.

Foi dele, entre outros, a idéia - já em 2001 - de construir uma nova casa, em vez de reformar a antiga, como era a idéia antiga. Apresentado o projeto, este, aos poucos se tornou realidade. "Nossa igreja é meio escondida, muita gente passa por aqui e nem se dá conta que é uma igreja", observa o religioso. Arregimentando a comunidade - pessoas físicas e jurídicas - e contando com uma equipe de vendas, além do seu próprio trabalho pessoal, o religioso conseguiu o que queria. "Mas não é fácil captar os recursos, vamos nos virando", diz ele.

Pedra sobre pedra, aos poucos, lentamente, surge a nova igreja de São Luís Gonzaga, o patrono da Juventude. E surge em concordância com uma data extremamente expressiva: os 40 anos da fundação da paróquia, que serão comemorados no dia 17 de agosto, um domingo, com a presença, entre outros, do arcebispo de Porto Alegre, D. Dadeus Grings. Uma missa festiva acontecerá às 10 horas, seguida de um amoço comemorativo na nova igreja.

Natural do município de Harmonia, ordenado sacerdote em 1975, o padre Paulo Kunrath tem 60 anos e uma longa e rica vida religiosa. Antes de vir para o Jardim Botânico, esteve em Bom Retiro do Sul, Gravataí, Vale Real, Cruz Alta, além de ter sido paróco da igreja de Mont´Serrat por seis anos.
Neste sábado, às 18 horas, acontece, na paróquia, a missa em homenagem ao Dia dos Avós. O padre Paulo pede aos paroquianos que tragam seus avós, para a bênção.
* E-Mail do Padre Paulo: pakunrath@yahoo.com.br
Igreja de São Luís - rua Guilherme Alves, 574, Tel.: 3336-1065
* O Centro de Pesquisa Clínica do Hospital São Lucas (avenida Ipiranga, Jardim Botânico) seleciona mulheres que tenham osteoporose para participar de pesquisa com um novo medicamento. É preciso ter mais de 60 anos e apresentar redução da função dos rins - diabetes, pressão alta, aumento de uréia/creatina nos exames. O tratamento dura um ano, é gratuito e tem acompanhamento médico periódico. Maiores informações pelos Tels.: 3339-9022 ou 9988-8822, a partir das 11 horas.

quinta-feira, julho 24, 2008

Roberto, vendedor de frutas há 20 anos


Ele sai de casa as 8 horas da manhã e volta às sete da noite. Caminha pelas ruas (estava no Botânico) muitos e muitos quilômetros, faça sol ou faça chuva - e nem tem idéia do quanto anda. Ele é Roberto da Silva, 27 anos, vendedor de frutas - ultimamente, de laranjas e bergamotas. "Faço isso há 20 anos", informa.

Roberto vende uma média de 100 sacos de frutas diariamente - e embolsa, segundo ele, um lucro diário de 100 reais, "líquido". Agora está vendendo laranjas e bergamotas, mas no verão vende melancia, uva, pêssego, as frutas da estação. Morador da Vila Cruzeiro, casado, pai de quatro filhos, ele próprio compra as frutas que vende. Roberto vende melhor no verão do que no inverno, e mais nos finais de semana do que durante a semana. Grande Roberto.

Jardim Botânico: para alguns, um desconhecido
















O nome do bairro é Jardim Botânico - por causa do Jardim Botânico de Porto Alegre, criado no final dos anos cinquenta e uma das áreas mais conhecidas da Capital. Porém, mesmo estando ali, muitas pessoas - talvez até a maioria - não o conhecem, não o visitaram, assim como muitos cariocas nunca foram ao Cristo Redentor. Fizemos uma pequena enquente a respeito. A pergunta é: você já foi ao Jardim Botânico? (Na foto, por ordem, em escadinha: Erci, Sérgio, Jorge, Paulo e Flávio).


Erci Lopes Gomes, 89 anos, comerciante, moradora da avenida Bento Gonçalves, Partenon (menos de dois km do Jardim Botânico).
"Não, nunca fui. Moro em Porto Alegre desde 1947 e nunca fui lá, não tenho tempo. Nem sei bem o que tem. O que tem, mesmo?"
Paulo Amarante, 36 anos, vigilante, morador do Partenon.
"Realmente, nunca fui. Passei pela frente, até senti vontade de entrar, mas pensei que aquilo era propriedade particular. A fachada não atrai. Imagino que tenha muitas variedades de plantas, e eu gosto disso. Morro no Partenon, na Bento, mas acho que aquela fachada deles não atrai. Vou muito ao Saint Hilaire. Pelo que eu sei, no Jardim Botânico só tem plantas, não tem lanchonete. Sinceramente, eu não quero ir lá só para olhar plantas. Se eu vou com a minha família, tenho que comprar lanches. Tem isso lá? No Saint Hilaire tem."
Jorge Carada, 54 anos, bancário aposentado.
"Já fui, sim. Há uns cinco anos. Já fui várias vezes. Gosto da flora. Mas não é um programa comum, para mim.
Valmor Chagas de Souza, 53 anos, comerciante, aposentado, morador do bairro Jardim Botânico.
"Só passei na rua. Moro no Botânico há 14 anos. Não fui porque não fui, não tenho tempo, trabalho muito. Nem sei o porquê. Acho também que falta divulgação, eles nos procurarem mais, a gente precisa ser estimulado".
Sérgio Schaedler, 69 anos, funcionário público aposentado, morador do JB.
"Já fui ao Jardim Botânico, faz um eito, muito tempo. Acho que as pessoas não vão por falta de hábito e também por falta de divulgação da parte deles.
Flávio Cambruzzi, 62 anos, comerciante, aposentado, morador do JB.
"Já fui. Há uns seis ou oito anos, com os filhos. Fui por causa deles, eles pediram. Achei bacana. Acho que uma lanchonete lá faz falta. Também falta uma maior divulgação. E acho que eles deveriam fazer um relacionamento maior com o bairro, com os colégios daqui."

Talidomida, o calmante monstruoso


As pessoas mais velhas e bem informadas ainda lembram bem deste nome: Talidomida. Prescrito como calmante e sonífero no final dos anos cinquenta e início dos sessenta, o medicamento (na verdade Talidomida é o seu nome químico e não o de vendas) transformou-se em um sinistro sinônimo da ganância monstruosa da indústria farmacêutica.
Lançada sem a devida comprovação de seus efeitos colaterais, testada apenas em ratos, produzida em dezenas de países com nomes comerciais diferentes (Contergan, Distaval, Kevadon, Softnon, Talimol etc), a substância foi sintetizada pelo laboratório Chemie Grünenthal, de Nordrhein-Westfalen, na então Alemanha Ocidental e, dentro em breve, logo após o seu lançamento comercial, em 1956, (como anti-gripal e com o nome de Grippex), transformou-se em uma mina de ouro para a indústria, a qual investiu pesadamente na sua divulgação. Na verdade, a partir de tal substância, fabricava-se inúmeras marcas comerciais que, somente em um ano, na Alemanha, venderam a assombrosa quantidade de 14 toneladas. Mais de 20 outros laboratórios, em diferentes países de todo o mundo, foram licenciados para a sua produção.
No Brasil, a Talidomida chegou em março de 1958, nas marcas Ectiluram, Ondosil, Sedalis, Sedim, Verdil e Slip, todas vendidas sem a exigência da receita médica. Era, então, considerado o melhor soporífero jamais inventado, passando também a ser utilizado contra a gripe, a nevralgia, a asma, a tosse e, sobretudo, como antiemético para as mulheres grávidas. Foi justamente aí que ele fez história - uma tétrica história: receitado para muitas grávidas em início de gestação, ingerido em pílulas brancas, era um sedativo barato que provocava um sono rápido, profundo e natural, sem a característica "ressaca" da manhã seguinte. De igual forma, podia ser ingerido em doses maciças que não causaria a morte do paciente, nem mesmo se este quisesse praticar o suicídio.
BRAÇOS DE FOCA - Ideal, e, como logo se viu, fatal, ou pior que isso, para os fetos em início de formação. Usado nos primeiros 40 dias da gestação, atuava como teratogênico - ou seja, produzia monstros, se é que, infelizmente, assim se pode falar de suas vítimas, calculadas em cerca de 10 mil em todo o mundo. As crianças nasciam muitas vezes sem dois, três ou até quatro membros, dentre tantos outros efeitos observados. A má-formação dos membros tinha um nome científico: focomelia (do grego "phoke" - foca- e "melos" - membros), ou "membros de foca". Os braços dos recém-nascidos surgiam como tocos abaixo dos ombros, semelhantes às nadadeiras das focas. Também se observou deformação dos olhos, do esôfago e do tubo digestivo. De cada duas crianças nascidas assim, apenas uma sobrevivia.
Sem entender o porquê daquilo, com problemas de consciência, algumas mães enlouqueceram e outras chegaram a praticar o suicídio. Em 1961, os casos de "focomelia" já eram tantos que se falava em uma "epidemia". De início foi extremamente difícil descobrir-se a origem de tal fenômeno, o elo comum. Pensou-se nos alimentos, na água, até em poeira atômica. Porém, graças a duas pessoas precisou-se exatamente a Talidomida como o fator causador. Uma delas, o advogado Karl Schulte-Hillen, de 32 anos, não havia aceito a explicação "genética" como a causadora da focomelia do seu filho recém-nascido. Homem saudável e esclarecido, ele descobriu que, coincidentemente, um casal de amigos seus tivera um filho em condições idênticas. Intrigado e inconformado, Karl passou a fazer investigações por conta própria, conversando com as mães que haviam dado a luz a tais "monstros". Ao tentar chamar a atenção da comunidade médica para o que estava se passando, encontrou uma revoltante indiferença e ignorância.
Foi então que surgiu em seu caminho o médico Widukind Lenz, um pediatra especializado em genética que aliou-se a Karl, encampando a causa. Lenz, por fim, achou o nexo causal. No dia 16 de novembro de 1961, Lenz comunicou oficialmente à indústria fabricante dos efeitos nocivos dos medicamentes a base de Talidomida - Contergan, no caso da Alemanha Ocidental. Ele, pessoalmente, já conhecia 13 casos. A Chemie Grünenthal, porém, não retirou o remédio do mercado - o que de fato só ocorreu quando a história virou manchete de jornal. O Contergan era o carro-chefe das suas vendas, uma verdadeira "galinha dos ovos de ouro", rendendo milhões e milhões de marcos. Sooou então o alarma em todo o mundo. Nesse tempo, às suas próprias custas, Schulte-Hillen contratou oito fisioterapeutas que, juntamente com ele, passaram a percorrer a Alemanha Ocidental, à procura de vítimas da Talidomida.
Entre agosto de 1964 e dezembro de 1965, visitaram 1.600 das 3.000 vítimas vivas da substância. Com seu endereço publicado nos jornais, choveram cartas, narrando novos casos.A maioria das vítimas da Talidomida estava na Alemanha e na Inglaterra. Nos Estados Unidos, graças a uma mulher, o medicamento (lá chamado de Kevadon), não chegou a causar tantos danos e sofrimentos (não mais do que 20 vítimas). A ser fabricado pela Merrel Co., uma empresa de Cincinati, Ohio (e que ainda hoje é uma das grandes do mercado farmacêutico), não chegou a ser liberado pela Secretaria de Alimentos e Remédios (FDA, sigla em inglês). Apesar das terríveis pressões da indústria, a médica responsável pela aprovação, Dra. Frances Oldham Kelsey, recusou-se a dar o parecer favorável, alegando que as provas de garantias de não havier efeitos colaterais deletérios eram insuficientes.
Em agosto de 1961, quando o escândalo veio a público, ela recebeu do presidente John Kennedy a medalha por Destacados Serviços Civis, por reter a aprovação da Talidomida - medalha esta que é uma das mais altas condecorações daquele país.
NO BRASIL - A Talidomida chegou ao Brasil em março de 1958, com os nomes de Ectiluram, Ondosil, Sedalis, Sedim, Verdil, Slip. Em março de 1962, o Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia proibiu o uso da Talidomida em todo o país, mandou apreender os estoques e cassar as licenças de fabricação. A medida, no entanto, não surtiu lá grandes efeitos pois o medicamento continuou ainda a ser usado durante anos devido à falta de informação da população, do descontrole na distribuição e, sobretudo, graças à omissão do governo e ao poder econômico dos laboratórios. Em 27 de novembro de 1973 foi criada, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, a Associação Brasileira dos Pais e Amigos das Crianças Vítimas da Talidomida, entidade declarada de utilidade pública. Nos últimos anos o interesse pela Talidomida trouxe novamente o debate à tona. Conforme alguns testes - ainda não plenamente comprovados - ela teria eficácia na luta contra a lepra e contra a tuberculose. (Pesquisa: Conselheiro X.)

Casa Branca, a boate que marcou época


Nos anos sessenta, por aí, o Jardim Botânico tinha um cabaré muito frequentado - inclusive por pessoas que vinham de outras partes da cidade. A Boate Casa Branca não mais existe, porém a sólida casa de dois pavimentos - hoje pintada de amarela - continua de pé, na rua Cervantes, 68, na parte alta do bairro.

Em vez de luz vermelha, de muitas mulheres, de quartos decorados, abriga agora moradores bem mais pacatos, que pagam aluguel pelos cômodos. Antes disso, anos atrás, o local sediou um posto da Brigada Militar, que fazia o policiamento da região.

A atual proprietária (o imóvel continua a ser da família), Cátia, é sobrinha da antiga dona, dona Otilia Elly - que ainda vive e está em uma clínica para idosos, no bairro Menino Deus.

"De vez em quando alguém pára algum carro aqui, para olhar, recordar, tirar fotos", diz Cátia, orgulhosa. Ela só lamenta não ter fotos dos tempos antigos, quando o Casa Branca - pintado de branco e azul - era só festa e reinava soberano nesta parte do bairro, agora muito valorizada. Hoje, ao lado da antiga boate, está um grande e alto edifício, como se pode ver na foto.

quarta-feira, julho 23, 2008

O casal Salvador França e dona Inocência

Quem foi, afinal, o doutor Salvador França, que dá nome a uma das mais importantes artérias do Jardim Botânico, hoje parte integrante da Terceira Perimetral?
Pois o Doutor Salvador França não era médico e sim advogado. Nascido e falecido em Porto Alegre, foi um grande proprietário de terras na cidade, isso no final do século XIX e início do século XX. Formado em Ciências Jurídicas e Socais pela Faculdade de Direito de São Paulo, era casado com Dona Inocência - também nome de uma rua do nosso bairro.
Dona Inocência Prates de Castilhos era irmã do líder republicano e Presidente do Estado, Júlio de Castilhos, um dos rio-grandenses mais ilustres. (Júlio de Castilhos redigiu praticamente sozinho a Constituição do Rio Grande do Sul e teve como discípulo Borges de Medeiros. Era o mandatário do Estado quando estourou a sangrenta Revolução Federalista de 1893-1894, na qual morreram mais de 10 mil soldados.)
Talvez por isso, pelo fato de Salvador França e dona Inocência formarem um casal, as duas vias se encontram e se unem, como se vê na foto acima, feita justamente naquela esquina na tarde nublada e cinzenta de hoje.
* Clique na imagem para ampliá-la.
* Paróquia São Luis Gonzaga - No próximo sábado, dia 26, acontece a homenagem aos avós na igreja de São Luís (rua Guilherme Alves, 574 Tel.: 3336-1065). O dia 26 é o dia de São Joaquim e Santa Ana, os avós de Jesus. Em razão disso, o padre Paulo, pároco, pede a todos que tragem seus avós para a missa das 18 horas, quando estes últimos serão homenageados e receberão uma benção especial.
* Instituto de Cultura Hispânica da PUCRS, com apoio da Faculdade de Letras, realiza o curso de extensão "Literatura e Língua Espanhola: Escritoras". As aulas serão em português e espanhol, com diversos palestrantes que abordarão temas como Carmen Laforet, Isabel Allende, Laura Esquivel e Rosália de Castro, entre outras. Atividades às segundas-feiras, às 17h30min, entre 18 de agosto e 17 de novembro. No prédio 8 do campus central da avenida Ipiranga. Informações no site www.pucrs.br/ich
* A PUCRS realiza, de 24 a 31 de julho, as matrículas dos alunos de graduação da Universidade. O procedimento pode ser realizado conforme a escala de matrículas, nas respectivas faculdades, ou no site https://webapp.pucrs.br/matricula
* Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUC realiza, até 31 de julho, inscrições para o Curso de Especialização em Gestão Estratégica de pessoas. O objetivo é dar aos participantes uma visão estratégica de gestão de pessoas, com o aprimoramento da adoção de ferramentas, diagnóstico, análise intervenções. Aulas às terças e quartas-feiras, à noite. Inscrições no site www.pucrs.br/face/cursoslatosensu ou 3320-3524
* A obra "Estrela da Vida Inteira", de Manuel Bandeira, será tema do próximo encontro do projeto "Relendo a Literatura". A atividade, promovida pela Faculdade de Letras da PUCRS, será ministrada pela professora Gláucia de Souza e acontece no dia 6 de agosto, no prédio 9 do campus da avenida Ipiranga. Inscrições gratuitas pelo e-mail relendoaliteratura@pucrs.br . Destinado a estudantes e professores de literatura e é realizado mensalmente, com aulas dinâmicas e debates. Nos próximos encontros, Fernando pessoa, Eça de Queiroz e Milton Hatoum.

terça-feira, julho 22, 2008


Toniolo, o crepúsculo do "Rei da Pichação"

Toniolo: ele escreveu seu nome com suas próprias mãos. E muito spray.

Uma idéia na cabeça – divulgar o seu próprio nome – e um spray na mão. Autodenominado-se o “Rei Mundial da Pichação”, Sérgio José Toniolo levou isso às últimas conseqüências e tornou-se quase uma lenda viva em Porto Alegre: quem, com mais de 30 anos, alguma vez não viu a palavra “Toniolo” escrita em algum muro, algum prédio, alguma passarela, algum monumento ou até mesmo alguma calçada ou asfalto?
CELEBRIDADE - Um rei cujo reinado não é nada recente – iniciou, mais exatamente, no final dos anos setenta e ganhou força nos anos 80, quando, de fato, se tornou uma celebridade incontestável, foi preso, ameaçado de morte, algemado, internado e até levou alguns tiros.
Nada disso, naqueles anos, tirou a disposição desse homem calvo, hoje com 60 anos, escrivão de polícia aposentado, solteiro, segundo grau completo, sem filhos e morador do vizinho bairro de Petrópolis – mais exatamente na avenida Taquara, onde reside na parte baixa de um edifício. Hoje Toniolo está mais sossegado, não freqüenta mais as manchetes de jornais, não é notícia. Está, por assim dizer, apagado, ou em recesso. Talvez seja a idade, o tempo, o cansaço, a saúde. Sem reposição, seu nome, antes tão onipresente, foi se apagando dos edifícios, dos muros e vias públicas, por força do tempo, da limpeza, da chuva. É a fase do crepúsculo.
Mas a lenda urbana chamada Toniolo persiste – o Pai e o Rei dos Pichadores, ou, como ele dizia, “o único pichador que não faz símbolos incompreensíveis e assina o seu próprio nome”.
Louco ou não, Toniolo entrou para a História por suas próprias mãos. Literalmente. Em um tempo em que a pichação se tornou uma praga, obra de gangues sem rosto e muitas vezes violentas, de pessoas semi-alfabetizadas e toscas, Sérgio José Toniolo distingue-se por ter pertencido a uma outra espécie: inteligente, esse homem que os médicos apontaram como “esquizofrênico paranóide” (aposentou-se por força da doença), e que foi interditado e preso, julgava-se um “anarquista”. Isso, é claro, depois de ter sido impedido de se candidatar a deputado estadual pelo PMDB no início dos anos 80. Depois, em sua própria cabeça, tornou-se várias vezes candidato pelo inexistente Partido Anarquista Brasileiro – foi inclusive, em sua cabeça, candidato à Presidente da República, usando, em todas as vezes, o seu número cabalístico 1543.
"O BRASILEIRO É ACOMODADO" – Segundo a Medicina, quem sofre de esquizofrenia paranóide tem, geralmente, mania de grandeza e de perseguição. As duas coisas não faltaram a Toniolo: foi, nos anos setenta, o recordista brasileiro em colaborações às seções de “Cartas do Leitor” de todos os jornais possíveis – escreveu mais de mil, sobre todos os assuntos, da sujeira das ruas, das fezes dos caos à cretinice dos políticos. E vivia fugindo da polícia e dos donos de imóveis.
Quanto às pichações, garante que fez bem mais de 70 mil delas, gastando, pelos seus cálculos, mais de 100 mil reais ao longo de tantos anos, tudo do seu próprio bolso. Gastou em sprays (às vezes mais de um por noite), tintas, pincéis. Mandou fazer pandorgas com seu nome escrito para lançá-las ao ar.
Defendeu o voto nulo, o anarquismo. Costumava dizer que o brasileiro é “frouxo e acomodado” – o que ele, de fato, não era: grão-mestre da autopromoção e da publicidade-artesanal-em-série-ininterrupta, apanhou, desafiou deliciosamente, experta e inocentemente o Poder com seu spray, divertiu os cidadãos da cidade e demonstrou o poder de fogo de um homem só – maluco, com certeza, mas, vá lá, incrivelmente e determinado como só estes podem ser. E divertido. Palhaço. Cavaleiro solitário. Carlitos com mania de grandeza.
ENGANANDO A BRIGADA - Matéria de reportagens e notícias em jornais, sua história foi ao ar no programa Fantástico, da Rede Globo, em 1981. Em 1984, quando Jair Soares era o Governador do Rio Grande do Sul, anunciou a todos – telefonava às redações – garantindo que iria pichar seu nome na fachada do Palácio Piratini.
A segurança foi alertada e reforçada. Não contavam eles, porém, com a astúcia do Rei Mundial da Pichação: para identificá-lo e barrá-lo, tinham apenas uma foto sua, antiga, em que aparecia com cabelos.
Toniolo, contudo, já era careca àquelas alturas. Caminhando, saiu tranquilamente da vizinha Catedral Metropolitana e, passando pelos brigadianos, chamou-os angelicamente de “meu irmãos”. Quando se deram conta, já havia pichado a quase totalidade do seu nome (faltaram duas letras) na imponente sede do Governo do Estado. Mandado então ao Hospital Psiquiátrico São Pedro, aplicou outro golpe digno dos melhores filmes de Hollywood.
Conhecido dos plantonistas, disse a estes que os dois policiais civis que o escoltavam eram colegas seus, “com mania de polícia”. Desconcertados, os plantonistas foram para cima dos homens da lei – e Toniolo, sorrateiramente, fugiu pelos fundos do prédio.
Mais tarde, anunciou que iria pichar o Palácio do Planalto, mas essa parada ele perdeu – foi detido dentro do ônibus que seguia para Brasília. “Mas consegui o que queria”, disse o mestre da Publicidade. “Não tenho medo de ser preso: é uma propaganda”, alardeava ele, com toda a razão. Quanto ao conteúdo do seu discurso, as suas “propostas”, bom, deixa pra lá: ele não é diferente da grande maioria dos políticos brasileiros.
CACHÊ – Toniolo sempre disse que ninguém nunca contou, verdadeiramente, a sua história, e por isso ele cobrava, mais recentemente, 10 mil reais por entrevista a qualquer veículo de comunicação e 100 mil para estrelar comerciais, onde apareceria, inclusive, com seu célebre spray. Obviamente, nenhum jornal, revista ou tevê pagou o que ele pediu e nenhuma agência o convidou para ser garoto-propaganda, nem mesmo da Casa das Tintas. Talvez tenha sido um talento não aproveitado da propaganda gaúcha.
O dinheiro, que nunca veio, serviria, afirmava, para ressarci-lo das despesas com o material de pichação, desde quando iniciou na atividade para realizar a missão que, afinal, conseguiu: firmar no mercado a “marca Toniolo”. Firmar uma marca custa muito dinheiro. Quanto vale a marca Toniolo?
Rei da publicidade artesanal, Dom Quixote, da idéia na cabeça e do spray na mão, Toniolo é, dizem, um homem solitário que não dá entrevistas e não permite fotos. Há quem diga que está com problemas de saúde. A pessoa que ligar para sua residência (como fez este blog) ouvirá a indefectível gravação: “Mensagem gratuita: este telefone temporariamente fora de serviço. A Brasil Telecon agradece.”
Nesta campanha eleitoral que se avizinha Toniolo estará fora e não será candidato, nem mesmo pelo seu imaginário Partido Anarquista. Um dia, talvez, a lenda viva da propaganda pessoal vire tema de filme ou documentário, do tipo “Contador de Histórias”. Quem sabe. (Conselheiro X.)