sábado, junho 07, 2014

Os sacripantas e os apedeutas de supermercado

Hoje, sábado, é dia de supermercado, para muitos. Não no meu caso, já que compro aos pucos, em conta-gotas.
O super das minhas compras é realmente grande e civilizado e pertence a uma famosa rede gaúcha que até já chegou a outros Estados - rede de bons produtos, mas careira, e não faz questão de esconder isso. 
O "meu" (a Nasa e a Taurus também são minhas...) supermercado é bom (nunca encontrei produtos vencidos de sequer um dia, embora procurasse com insistência em dia de forte irritação), mas frequentar tais locais está, cada vez mais, se tornando irritante a ponto deste escriba mandar o seu lacaio - se o tivesse - fazer as compras em seu lugar.
O que irrita, no caso, são os demais consumidores, gente que não é propriamente de baixo nível social e talvez nem cultural - ignorância, como se sabe, não respeita tais faixas. 
Digo isto pois essa gente sofrível, homens e mulheres, novos e velhos, brancos, negros e áureo-cerúleos, braquicéfalos e dolicocéfalos, simplesmente não respeita quem está passando no caixa à sua frente, depositando todos os produtos que irá comprar junto aos do que está pagando e gerando a maior confusão a todos.
A cena é a seguinte: você está ali, com seu carrinho ou cestinha, observando a moça do caixa registrar os itens comprados, quando, colando junto, chega um homem ou uma mulher e vai, na maior sem-cerimônia, depositando os produtos deles junto aos seus, sem pedir licença nem nada, como se voc~es dois fossem irmãos siameses. E a moça do caixa, na sua compreensível pressa, com a esteira avançando em ritmo de aventura, registra tudo em uma conta só - a sua é a do desconhecido (a). Mesmo desconfiando do valor final da conta, já levei sem querer até um imenso pedaço de queijo para casa por conta disso. 
O revoltante disso é que, quase sempre, tal tipo primitivo não tem necessidade alguma de praticar tal alto, já que suas compras estão acomodadas em um carrinho de rodas, e ele, como todos os demais, não está praticando nenhum esforço cansativo. E no entanto o apedeuta, o sacripanta, faz questão de ir enfiando os bagulhos deles junto ao seu, como se isso adiantasse alguma coisa ou como se fosse uma "questão de honra".
Talvez o leitor deste blog seja também deste tipo de gente. No caso, meus pêsames e meus vômitos: se você é assim, também deve ser aquele outro tipo de fariseu que aperta a buzina do carro a todo momento e que não respeita pedestre algum por julgar que, entronizado em um grande objeto metálico andante, tem direito natural a espezinhar o restante da Humanidade. Ou daqueles que riem alto e, caso leiam alguma coisa que não placas de rua, não devolvem os livros da biblioteca. (V.M)
Nani. A Charge Online.










Hoje aniversariam ou fariam aniversário: Paul Gauguin (1848), Dean Martin (1917-95), Dolores Duran (1930-59), Bellini (1930-2014), Aguinaldo Silva (1944, 70 anos), Prince (1958, 56 anos), Cuca (1963, 51 anos), Carla Marins (1968, 46 anos), Cafu (1970, 44 anos), Flávia Alessandra (1974, 40 anos), Tom Jones (1940, 74 anos). 

sexta-feira, junho 06, 2014

Michael Jackson já morreu mas Elvis vive. Eu acredito.

Com essa história de quem o Michael Jackson está vivo, em alguma parte deste planeta, voltei no tempo e me lembrei da morte do Elvis Presley, em 1977. Eu tinha então 16 anos, trabalhava como menor estagiário do Banco do Brasil em uma minúscula, mas rica, cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, cercada metade do ano por lavouras de soja e outra metade por plantações de trigo - e sempre bombardeada por defensivos agrícolas lançados por aviões agrícolas em sua luta contra as pragas naturais. Eu, claro, vivia com terríveis crises de asma, até o dia - muitos anos depois - em que concluí que aquilo se devia tão somente aos venenos que assolavam a cidade, trazido pelos ventos e mandado pelos aviões em vôos rasantes. Nos anos setenta se fazia dessas coisas. Melhoramos um pouco. E felizmente hoje não tenho mais asma.
Pois, um belo e triste dia, deu a notícia que Elvis tinha morrido, e foi um choque geral. Naquele tempo, nas emissoras de tevê (na nossa cidade só se pegava bem a TV Gaúcha, da Globo, e, com sorte, o Canal 10, hoje Bandeirantes), exibia-se os filmes do rei do rock, geralmente feitos no Havaí e nos tais "paraísos tropicais". Filmezinhos ingênuos mas que deixaram saudades - a ingenuidade sempre deixa saudades - que nós assistíamos com devoção e prazer.
Lembro que escrevi então um artigo - o primeiro que publiquei impresso em um "jornal" - para o semanário local, falando da morte do Elvis, da sua importância, e bla-bla-blá.... Coisas de guri, mas saiu publicado e até que não estava inteiramente mal escrito. Elvis, este sim, estava gordo, balofo, inchado, e usava uns óculos escuros enormes - a imagens da decadência, embora ele ainda teimasse em manter a pose.
O funeral do cara foi apoteótico, na sua mansão em Memphis, porém logo todos notaram que o Rei do Rock estava indo para debaixo da terra com o caixão lacrado, sem que mostrasse o rosto - algo muito suspeito. Disseram depois que era um desejo dele. De qualquer maneira, fosse pelo que fosse, logo surgiu em muitos - tipo esses que falam no Michael Jackson bem vivo por aí, engando a todos - a suspeita de que a morte fosse forjada pelo próprio, que Elvis estivesse vivo e houvesse se mandado para, digamos, a Argentina, a gelada e siberiana Patagônia - lá onde muitos afirmam que Hitler, que também não teria morrido no final da Guerra, como consta nos livros, se refugiou com Eva Braun, protegido por Perón, a quem comprou a peso de muito ouro alemão.
No caso do roqueiro e baladeiro norte-americano, surgiu daí, acredito, a expressão "Elvis vive", "Elvis não morreu", de duplo sentido. Os defensores de tal tese explicavam as suas insólitas, mas não totalmente impossíveis, conjecturas: o ídolo, de 42 anos (um velho para o menino de 16 que eu era), não aguentava mais aquele tipo de vida, todo o artificialismo, afetação, falsidades, traições e a bajulação que o cercavam há décadas, e preferiu sair fora e viver anonimamente junto da Natureza etc. etc.
Acho hoje que Elvis morreu mesmo em agosto de 1977. Acho, não tenho certeza. Mas, às vezes, gosto de pensar que a tese de que ele não morreu, que quis abandonar aquela vida e existir anonimamente pelo resto dos seus dias, junto da Natureza, curtindo a sua própria essência, longe das veleidades e vilanias do mundo e da vida, faz sentido sim. Já imaginaram, Elvis, que hoje, se vivo, teria talvez mais de oitenta anos, sendo capaz de fazer tal coisa, de nos surpreender, de nos enganar? Se isso aconteceu de fato (não riam), que estupenda mostra de que a espécie humana pode nos surpreender favoravelmente e se revelar realmente digna e humana.
Quanto a Michael Jackson, era de um barro bem mais ordinário e doentio e certamente está lá no fundo da terra, com certeza.  Mas Elvis, esse vive, talvez na Argentina... (Vitor Minas)





Hoje, em 1875, nasceu o escritor Thomas Mann. E hoje Maysa Matarazzo farua 78 anos, Fábio Barreto faz 57, Heloisa Helena faz 52 e Yasmin Brunet completa 26. E no dia de hoje, em Los Angeles, foi assassinado o político norte-americano Robert Kennedy, em 1968.
S. Salvador, O Estado de Minas. A Charge Online.

quinta-feira, junho 05, 2014

Escolas abertas aos domingos, uma solução fácil e possível

Sempre me tocou a falta de opções de lazer, sejam culturais ou esportivas, nas vilas e nas periferias pobres de Porto Alegre e outras grandes cidades, onde falta quase tudo e sobra violência e medo de se sair às ruas. 
Anos atrás, em um jornal de bairro, fui conferir uma coisa que me alentou e até entusiasmou e que mostrou que há solução para determinadas questões, como esta da falta de espaços de lazer para quem não tem dinheiro para procurá-lo em outros locais. Fui convidado, não lembro bem por quem, a fazer uma matéria sobre as tais "Escolas Abertas" (não recordo se o nome era este mesmo) que funcionavam aos domingos, acessíveis a toda a comunidade vizinha, incluindo uma série de atividades programadas, sem contar biblioteca e outras estruturas já existentes.
Fui em três destes colégios que abriam aos domingos e encontrei dezenas de pessoas, a maioria jovens, entretidos com atividades que, de outro modo, não teriam como fazer. Esse pessoal, antes condenado a ficar em casa, vendo programas de tevê de péssima qualidade, a aguentar a briga dos pais, o porre do pai bêbado, o amargor da mãe neurótica, ou a zanzar tediosamente pelas ruas, remoendo seus ódios e frustrações, chutando latas e tampinhas, ou mesmo tentado a beber e a consumir drogas, estava lá, firme e sereno, praticando atividades físicas, jogando partidas de xadrez, de pingue-pongue, de pebolim, ou então lendo livros, enciclopédias e revistas na biblioteca do colégio.
Eram, na grande maioria, todos garotos e garotas, a maioria os tais pardos, mulatos e negros que fala-se hoje, gente pobre, previamente sentenciada a uma vida sem horizontes, chata e sem possibilidades de crescimento. Mas, de repente, o domingo - o dia mais chato para quem não tem dinheiro e nem companhia - se tornava um dia de lazer e aperfeiçoamento, um dia preenchido com coisas boas e construtivas.
Aquilo me tocou e mudou alguns conceitos que eu tinha, inclusive sobre vida comunitária.
Não sei se as tais Escolas Abertas - uma coisa tão simples, tão fácil e simpática de se fazer - continuam a funcionar, pois na nossa pátria guarani tudo muda ao sabor dos novos governantes, os quais geralmente desfazem tudo o que o anterior fez de bom. Mas eu gostaria de acreditar que sim, que os domingos continuam a ser úteis para essa gente carente (e que nós mesmo discriminamos) das vilas de Porto Alegre. (V.M.)

Todo mundo critica as leis e ninguém mais fala em Lei Fleury

As intermináveis discussões sobre a violência no Brasil, a forma de combatê-la, as leis a serem adotadas e aplicadas, a diminuição da idade penal etc etc, mostram que, mais do que não fazer nada de efetivo nessa área, como sempre tudo é mera discussão semântica e tudo é patético e até asqueroso. A leniência e a brandura das leis são sempre apontadas como causas da impunidade - e são mesmo. 
O curioso é que aqueles que defendem inclusive a pena de morte institucional e legal aplicada pelo Estado (pergunto: qual juiz brasileiro teria peito de condenar alguém à pena de morte? Na semana seguinte matariam ele, a família, o cachorro, o papagaio e os peixinhos do aquário), inclusive insignes juristas e até alguns deputados, e que criticam a frouxidão permissiva dessas leis atuais, nunca lembram que isso tudo começou durante o regime militar, para proteger o maior nome da repressão às organizações de esquerda, o policial e integrante do Esquadrão da Morte Sérgio paranhos Fleury, morto em 1979 - morto não, assassinado no litoral paulista.
Foi em 1973, para proteger Fleury das acusações de homicídios de marginais praticados no seu tempo de Esquadrão, - ele iria em cana por insistência do Hélio Bicudo - que o então general-presidente Emílio Garrastazu Médici inventou e sancionou a lei do réu primário, aquela que diz que o sujeito, se for réu primário, não tiver condenação anterior,  tiver "endereço fixo", responderá pelos seus crimes em liberdade e não trancafiado no xadrez. Era a forma de salvar o couro do bambambã da repressão.
Por que então, depois disso, com os militares saindo de cena na política, os civis não revogaram essa lei, seguindo o exemplo das práticas de países ditos civilizados? É, isso ninguém diz. Aliás, ao contrário de um tempo atrás, nem se usa mais a expressão Lei Fleury, tão conveniente ela foi e é para muitos. Nesse caso eles, os que se beneficiam, deveriam acender uma vela para o Médici e outra para o Fleury. (V.M.) 
Fausto, Olho Vivo. A Charge Online.






Hoje, em 1898, nasceu o poeta Federico Garcia Lorca e, em 1878, o revolucionário mexicano Pancho Villa. E hoje a apresentadora e jornalista Sandra Annenberg faz 46 anos, Wanderléia faz 68, Maurício Sirotsky Sobrinho faria 89, Erasmo Carlos faz 73 e Zuzu Angel faria 93.

quarta-feira, junho 04, 2014

Quem tem os direitos de imagem da estátua do Laçador?

Acabo de ler que a Arquidiocese do Rio de Janeiro anuncia publicamente que irá tomar as "medidas legais cabíveis" contra uma empresa portuguesa que usou a imagem do Cristo redentor, o monumento, em uma peça publicitária: o monumento de braços aberto é retratado com a camisa de tal empresa lusitana do ramo de apostas. O Cristo que é o símbolo do Rio de Janeiro e um dos símbolos do próprio Brasil.
Achei deveras interessante o conteúdo da notícia, o qual mostra cabalmente em que mundo vivemos: um mundo onde tudo é licenciado e apropriado - não somente a palavra "pagode" engolida pela Fifa - como até o monumento do Cristo Redentor que, salvo engano, foi declarado um dos patrimônios visuais da Humanidade ou coisa assim, em escolha oficial ou quase isso. 
Ingenuamente, até agora eu pensava que aquilo lá era patrimônio da humanidade, símbolo do Rio ("estranho o teu Cristo, Rio/sempre de braços abertos/ mas sem proteger ninguém"), uma coisa semelhante às cataratas do Iguaçu, aos pinheiros do Paraná e à estátua do Laçador, aqui em Porto Alegre. Pois me enganei, a Arquidiocese da igreja católica não perdeu a oportunidade e registrou - e parece que faz tempo - os direitos de imagem do Cristo como seu. Ou seja, tem que pedir autorização a ela para qualquer uso, inclusive pagando por isso.
Que estranho, não? Depois de saber de tal fato fiquei curioso em procurar saber se alguém, aqui no valeroso Estado gaúcho, é detentor dos direitos de imagem do Laçador, lá perto do aeroporto. Ou do por-do-sol do Guaíba. Sim, porque do jeito que as coisas vão logo vamos ter que pagar direito de imagem para a igreja católica caso usemos a foto de uma igreja qualquer em algum site ou blog. (Vitor Minas)

A ruivice está na moda dos publicitários

São os modismos do meio publicitário, uma coisa que não se explica direito e nem se sabe de onde se origina afinal - é algo talvez ditado pela etérea e eterna vaidade ou por quem é o bambambã do ramo e tem seus seguidores - ou mesmo pela necessidade de colocar coisa nova na telinha. Pois agora, todos podem notar, a qualquer momento, em qualquer publicidade de televisão, a moda predominante são as ruivas e os ruivos, tipos aliás pouco encontradiços no País do faz de conta. Pouco importa: é exótico para o Brasil tropical. Tem, por exemplo, aquele rapaz da operadora de telefonia, tem ruiva fazendo propaganda de chinelo com o Romário, anunciando sandália, sardinha, cerveja, maionese etc. Desse jeito até parece que temos um grande contingente de descendentes de irlandeses e galeses em nossa terra, aquele tipo que nunca bronzeia e nunca pode ir à praia para não se expor ao sol. Qualquer hora vão contratar aquele princepezinho inglês, o tal Harry, para estrelas propagandas de cachaça 51. 
A propósito, lembram daquele menino ruivo e sardento que nunca crescia e que o Sílvio Santos adorava, lá nos anos setenta, o Ferrugem? Por onde será que anda?  (V.M.)
Duke, em Super Notícia, MG. A Charge Online.





Hoje Ítala Nandi faz 72 anos, Antonio Ermirio de Moraes faz 86, Adib Jatene faz 85, Angelina Jolie faz 39, Hugo Carvana faz 77 e Fernanda Paes Leme faz 31.

terça-feira, junho 03, 2014

É por isso que não me ufano do nosso Rio Grande

O Rio Grande do Sul tem o pior trânsito e os piores motoristas do Brasil, país que, por sua vez, já é um lixo nesta área, fazendo com que os povos civilizados se curvem, horrorizados e petrificados, à nossa ignorância maldosa e à falta de apreço pela vida dos outros que parece uma característica dos centauros dos pampas urbanos. Por essas e outras é que eu não me ufano do nosso Rio Grande. Não mesmo.
Porto Alegre sempre foi a pior das capitais tupiniquins e guaranis no quesito trânsito, e isto vem de priscas eras, conforme se vê nos jornais antigos - e eu pesquiso um bocado nesta área. 
Mas, em meio à barbárie e à selvageria gaúcha e, sobretudo, porto-alegrense (ah, a nossa cultura européia!...), há um tipo ainda mais desprezível, boçal e nocivo - o nosso motoqueiro, especialmente aquele que faz entregas, o chamado moto-boy. Este merece um capítulo especial, tanta as vilanias que pratica pelas ruas, avenidas e até calçadas desta infeliz e mui desleal cidade farrapa - cada vez mais farrapa. 
Já fui quase atropelado e morto por tais espécimes nos últimos meses, e a culpa não era minha - poderia até ser, mas não era. Fui quase assassinado e ainda por cima ofendido como um figurante de novela da Globo. Em uma das vezes este incauto estava, no seu justo direito, atravessando uma faixa de pedestres, com o sinal fechado para os veículos, quando, faltando dois metros para se alcançar a calçada, o semáforo deu sinal verde para os objetos metálicos motorizados seguirem em frente. Estes, claro, pilotados por ogros pré-homéricos, tocaram por cima, com prazer e volúpia,  avançando celeremente tais como avançavam as hordas de Átila e seus sujos guerreiros hunos - ou seriam vândalos. Sim, porque aqui, se abre o sinal para os carros e demais tílburis automotores e fecha para o pedestre, quando este último está no meio da travessia tem tão somente duas alternativas: ou corre, igual um coelho assustado e perseguido pelo caçador, em uma humilhante e rastejante atitude de verme lutando pela sobrevivência, ou então tenta fazer valer seus direitos e segue - e é atropelado, virando uma espécie de patê moribundo gelatinoso no meio do asfalto sólido.
Pois falei que os motoqueiros de Porto Alegre são desprezíveis, e não retiro o que disse, até porque tais primitivos indivíduos, em sua grande maioria, são mesmo inclassificáveis e deveriam, no meu modesto ponto de vista, merecer a bíblica pena de quarenta chibatadas a cada infração que praticam. Morreriam todos, obviamente, tanta a laceração de suas carnes. 
A bem da verdade, não é difícil definir o motorista de uma moto em Porto Alegre: é um sujeito geralmente jovem, muito jovem até, que se julga acima das leis de trânsito e que procura sempre uma brecha por onde seguir, não importa as consequências do seu ato.  Muitos deles morrem nesta prática - e nem sei de devemos lamentar o fato. Outros ficam estropiados e padecem em agoniantes leitos de hospital. Outros ainda saem dos nosocômios com dezenas de pinos de titânio, e levam anos para tentar uma recuperação motora que geralmente não conseguem. O certo é que, a despeito disso tudo - e eles parecem não se importar nem com suas próprias vidas - os motoqueiros estão aí, infernais, nocivos, impunes, desprezíveis e sempre dispostos a praticar suas irresponsabilidades. Certamente, per si, formarão um espetáculo dantesco à disposição dos pobre turistas estrangeiros que aqui aportarem para assistir aos quatro jogos da Copa do Mundo que se aproxima. E, mais uma vez, digo e repito: é por isso que não me ufano deste ingrato e decadente Estado. (V.M)
Nef, em Jornal de Brasília. A Charge Online.






Hoje João Saldanha faria 97 anos, Tony Curtiss faria 89, Allen Ginsberg faria 88, Marion Zimmer Bradbury faria 84. E hoje Antonio Pitanga festeja 76, Renato Marsiglia faz 53 e Rafael nadal faz 28;

segunda-feira, junho 02, 2014

Se há tanto mar, como é que vai faltar água de beber para a Humanidade?

Há certas coisas difíceis de compreender, mesmo lendo tudo o que sai na imprensa a respeito delas - ou talvez por isso mesmo. Falo isso a propósito da discussão - um tanto ultrapassada agora, que voltou a chover em grande parte do Brasil - a respeito da falta de água em São Paulo, da baixa total no nível dos açudes, represas e reservatórios que abastecem essa absurda concentração humana que é a Paulicéia e municípios vizinhos. São Paulo que está no alto, na serra, que não tem o nosso gigantesco e generoso Guaíba, mesmo podre e poluído, a lhe socorrer. Uma São Paulo gigante e devoradora, com sede de água, de beber água e de consumir água, não só para a sua população sedenta como também para suas centenas de milhares de indústrias e pontos comerciais. Durante os piores dias da estiagem o prefeito de lá - o tal galã do cinema indu, como dizem alguns caricaturistas - falou em racionamento e apelou à população paulistana - apelou não, ameaçou com multa - para que economizasse água por todos os meios possíveis. Certo. A princípio o homem tem razão.
Certo, há muito desperdício de água no Brasil, concordo, e concordam ainda mais os estrangeiros, sobretudo os europeus, que chegam aqui e se espantam em ver um sujeito lavar durante mais de uma hora seu velho carro, como se a água existisse em fartura e não custasse quase nada. Lavar o carro, a calçada, o cachorro e o papagaio. Lá eles pagam caro pelo fornecimento e rebolam para que dê para todos.
Pois é, há desperdício por todo o Brasil, de Sul a Norte, de Leste a Oeste, e isso todos, especialmente as autoridades e a imprensa, sabemos e mantemos um certo sentimento de culpa - aqueles dotados disso, obviamente. Dizem que somos perdulários e ingratos com a Natureza - e somos mesmo. Agimos como se a água nunca fosse faltar - até que ela falta, como em São Paulo. 
Mas há algo que me intriga, pelo silêncio que cai sobre o tema, e pela falta de discussões pertinentes, aliás, falta até de referências. Me intriga pois é algo lógico e remete ao que apreendi lá nos velhos bancos da escolinha rural onde me alfabetizei nos anos sessenta - setenta por cento do nosso querido e castigado planeta Terra é coberto de oceanos, não é verdade? Pelo menos é o que nos ensinaram e ensinam há décadas e é o que a gente realmente deduz ao olhar os mapas e ver a imensidão dos mares que recobrem o planeta azul. É tanta água que até os aviões que caem nos oceanos não conseguem mais ser achados. O fundos dos oceanos é mais inexplorado e desconhecido que a superfície da Lua, repete o velho clichê. E deve ser verdade, creio.
Mas o que eu queria saber, e queria que alguém entrasse de verdade e tecnicamente nessa discussão, é o seguinte: se há tanta água, se três quartas partes da superfície da Terra é formada por mares (sem contar as águas interiores, as águas chamadas de doces), como é que vai faltar água para os habitantes da Terra? Well, well, de fato isso me intriga deveras - como é que há tanta água e vai faltar água de beber para os terráqueos? realmente não entendo niente.
Cá com minha braguilha, tentando equacionar logicamente a questão, penso o seguinte: a água do mar é tratável e pode, plenamente, ser transformada em água potável - isto é uma verdade comprovada. Tecnologia para tanto existe e faz tempo - esses dias, por sinal, vi a notícia de um empresário, aliás brasileiro, que está exportando água mineral retirada do mar, e ganhando dinheiro com isso. Se vende, é porque há mercado e há quem compre - ou seja, está produzindo coisa acessível à população e dentro da lógica da produção capitalista.
Então se existe a tecnologia, a mesma lógica - e aí insisto novamente - é que as grandes capitais e as grandes cidades litorâneas fosses abastecidas pela água do mar, não é verdade? Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza, etc, poderiam muito bem beber essa água do mar, dessalinizada e tratada, em vez da água interior e subterrânea - pelo menos a lógica me diz isto. O Kuwait, país, não tem rios, e só bebe da água desssalinizada.
Coloco essa questão pois nunca vejo ninguém - nem esses jornalistas metidos a especialistas que surgem na tevê e nas rádios - falando a respeito. Simplesmente nos assustam com a possibilidade do fim das águas doces, do racionamento, das guerras que surgirão em função da conquista das reservas de água.
Cáspite!, se temos tanta água na superfície da terra, se há tecnologia para isso (talvez cara hoje, mas que certamente pode ser barateada), se os grandes centros urbanos estão à beira-mar, como é que vai faltar água no mundo nas próximas décadas? 
Me respondam, que continuo e continuarei intrigado e ainda voltarei a esta pergunda: se três quartas partes do mundo são águas, se há tecnologia para transformar isso tudo em água potável, como é que vai faltar água no mundo, hein? Pode ser caro agora, mas televisão também era cara quando começou - meu pai comprou a primeira em 20 prestações, e custava o preço de um carro usado, carro meio baleado, mas um carro.



Hoje Tulio Maravilha faz 45 anos, Caio Blat faz 34, Minotouro faz 38. E hoje foi morto o jornalista Tim Lopes, em 2002.